Depois de na semana passada ter dado que falar uma crónica no DN de João Taborda da Gama sobre o papel que António Sampaio da Nóvoa teria tido no chumbo de Saldanha Sanches nas provas de agregação na Universidade de Lisboa, surge agora outra versão de uma história já com oito anos.
“A questão das provas de agregação do Saldanha Sanches, aí referidas, toca-me particularmente, visto que fiz provas alguns dias depois, envolvidas em idêntica turbulência”, afirma Isabel do Carmo, recordando a forma como nessa altura era feita a votação dos professores catedráticos, seguindo as regras de uma lei “do regime da ditadura, assinada ainda por Américo Tomás”.
Isabel do Carmo explica que “a votação consistia na escolha de uma bola preta ou de uma bola branca por cada membro do júri e depois procedia-se à contagem”, um método que “dava lugar a todos os maus instintos, cobardias, vinganças pessoais e sobretudo políticas” e que foi combatido por Sampaio da Nóvoa, que “enquanto reitor, manifestou-se várias vezes contra esta lei”.
De resto, Isabel do Carmo assegura que foi “por influência” de Nóvoa e “por vontade de Mariano Gago” que a lei mudou e a votação deixou de ser anónima.
Na crónica, Isabel do Carmo recorda, contudo, que quando a nova lei foi publicada já a sua prova e a de Saldanha Sanches “tinham data marcada”.
E é aqui que a versão da professora da Universidade de Lisboa choca com a de João Taborda da Gama. Enquanto o cronista do DN, sublinha que “o júri que reprovou José Luís Saldanha Sanches tinha António Sampaio da Nóvoa como presidente”, deixando no ar a ideia de que Nóvoa não interveio “para impedir a injustiça” como deve fazer um presidente “apenas em casos limite”, Isabel do Carmo conta a forma como o então reitor tentou protegê-la a si e ao fiscalista.
“Prevendo por razões óbvias o que se poderia passar comigo e com o Saldanha Sanches, o reitor Sampaio da Nóvoa telefonou-me, telefonou ao presidente do Conselho Científico da FML, telefonou ao Saldanha Sanches e chamou-nos, facultando a possibilidade de requerermos um adiamento para datas posteriores à aplicação da lei. Sou testemunha de que tivemos essa possibilidade, mas nem eu nem o Saldanha Sanches quisemos”, escreve a académica no DN.
Depois do chumbo de Saldanha Sanches, Nóvoa voltou a tentar convencer Isabel do Carmo a adiar a prova: “Perante isto Sampaio da Nóvoa voltou a telefonar-me, mas eu insisti em ir a provas nessa data”. A nutricionista não aceitou o conselho do reitor e acabou por passar na prova, apesar das “muitas” bolas pretas que teve.
O episódio é suficiente para Isabel do Carmo se apresentar como “particularmente qualificada para considerar que o artigo de João Taborda da Gama faz insinuações que não só fogem à verdade como dizem o seu contrário”.
Isabel do Carmo acha mesmo que o artigo de Taborda da Gama é mais uma peça numa “campanha de contra-informação” da qual Nóvoa será um alvo.