PSD e CDS, inevitavelmente coligados

Segundo li no Diário de Notícias, Pedro Passos Coelho ainda tem dúvidas sobre os benefícios de uma coligação com o CDS. Não sei quem pôs essa notícia a circular, mas ela parece-me inverosímil.

PSD e CDS usam, com frequência, o argumento que a sua governação foi um sucesso. As condições do programa de resgate foram cumpridas, não houve nem segundo resgate nem programa cautelar, e a economia está agora a dar uns tímidos sinais de recuperação. Este crescimento económico é muito fraco, mas é melhor ter a economia a crescer do que a decrescer.

Assim, se PSD e CDS governaram juntos, sem grandes tensões excepto no episódio da demissão “irrevogável” de Portas, como é que agora iriam fazer campanhas eleitorais separadas? Nas campanhas eleitorais é sempre preciso atacar os adversários. Portanto, PSD e CDS estão juntos no governo, fariam campanhas eleitorais com hostilidade mútua, e se ganharem podem negociar uma nova coligação. Ora, isto tem alguma lógica?

O que faz sentido é concorrerem coligados. Não terão de se atacarem mutuamente, e podem desdobrar esforços: no mesmo dia, Portas pode estar a fazer campanha em Faro e Passos em Braga.

Uma última vantagem, e importante, da coligação é que, com o mesmo número de votos, elegem mais deputados se forem coligados do que sozinhos. Não vou aqui explicar como funciona o método de Hondt que nós usamos, em Portugal para eleger os deputados e os eleitos municipais, mas esse método beneficia o partido mais votado.

Essa explicação fica para outra ocasião. O que interessa frisar hoje é que, devido ao método de Hondt, PSD e CDS ganham se forem coligados, e de certeza que não irão desperdiçar essa vantagem.