O responsável falava depois do naufrágio de domingo de uma embarcação com pelo menos 700 pessoas a bordo, acidente ocorrido poucos dias depois de uma tragédia semelhante fazer cerca de 400 desaparecidos.
"Ao tomar conhecimento de que mais homens, mulheres e crianças perderam as suas vidas ao tentar encontrar uma vida melhor e mais segura no estrangeiro, fico horrorizado, mas não surpreendido, com esta última tragédia", afirmou Zeid num comunicado.
"Estas mortes, e as centenas de outras que as precederam nos últimos meses, eram tristemente previsíveis. São o resultado de um fracasso de gestão e um monumental fracasso de compaixão", considerou.
O responsável criticou a substituição da operação italiana 'Mare Nostrum', que "era eficaz", pela operação europeia Triton, que "não cumpre os seus propósitos" e "está mais focada no controlo de fronteiras que em salvar pessoas".
"Deixar de resgatar imigrantes não levou a menos imigração, nem a menos traficantes, mas a mais mortes no mar", afirmou.
Perante esta situação, Zeid apelou às autoridades europeias que substituam a Triton por uma operação robusta de resgate no Mediterrâneo.
Frisando que estas travessias são marcadas por torturas, violações e fome, o máximo responsável de direitos humanos nas Nações Unidas adverte que a Europa, ao "virar as costas a alguns dos imigrantes mais vulneráveis do planeta", "se arrisca a transformar o Mediterrâneo num cemitério".
Zeid pediu também às autoridades europeias que ampliem as vias legais de imigração para a Europa, para evitar o recurso a traficantes sem escrúpulos.
"Não sei quantas mais tragédias deste tipo têm de acontecer para que os governos europeus se comprometam a salvar vidas e a aplicar políticas migratórias coerentes, em vez de reagir a movimentos xenófobos e populistas que envenenaram a opinião pública", afirmou.
Lusa/SOL