"A única coisa que espero – e que acho ser importante para quem está nesta missão de recuperar a reputação do país depois daqueles anos tão irresponsáveis que tivemos na década passada -, aquilo que é muito importante é manter uma rota de sustentabilidade das nossas finanças públicas, de previsibilidade fiscal. Não conheço as propostas do Partido Socialista, estou numa missão em Londres para contactar com investidores, para atrair investimento para Portugal", disse, após um jantar do Centro Português de Estudos (CPE), na terça-feira.
Pires de Lima, que viajou acompanhado do secretário de Estado da Economia, Leonardo Mathias, afirmou à saída aos jornalistas que "dá muito trabalho" recuperar investimento estrangeiro.
"Perder credibilidade, perde-se muito rapidamente. Recuperá-la dá muito trabalho e não haveria coisa pior para Portugal e para a sua recuperação económica do que pôr em causa o esforço dos portugueses e a trajectória de recuperação da nossa credibilidade que manifestamente vivemos desde Abril ou Maio de 2011", sublinhou.
Entre as medidas delineadas pelo relatório "Uma década para Portugal", liderado pelo economista e quadro do Banco de Portugal Mário Centeno, estão a devolução dos cortes salariais aos trabalhadores do Estado e o fim da sobretaxa, a redução do Imposto sobre o Valor Acrescentado (IVA) da restauração para 13% em 2016 e a reposição dos mínimos sociais aplicados ao Rendimento Social de Inserção, ao Complemento Solidário para Idosos e ao Abono de Família.
Apesar dos alertas deixados, o ministro não mostrou preocupações com as propostas do PS durante a sua intervenção para uma assistência de cerca de 100 pessoas portuguesas e estrangeiras, a maioria das quais advogados e representantes de instituições financeiras.
Segundo Pires de Lima, Portugal não tem, ao contrário de outros países europeus, partidos "radicais que possam pôr em causa os princípios da moeda única".
Se o PS ganhar as eleições legislativas de Outubro, "está completamente comprometido com o projecto europeu", garantiu o ministro, que saudou o facto de Portugal ser um "país chato" devido à sua estabilidade política.
Criado há mais de 20 anos, o Centro Português de Estudos organiza regularmente jantares com oradores portugueses, tendo no passado sido convidados os economistas Abel Mateus e Eduardo Catroga, a ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, o então secretário de Estado adjunto do primeiro-ministro e agora comissário europeu Carlos Moedas.
Tem como membros portugueses com cargos de influência em empresas ou instituições financeiras, sendo dinamizado por, entre outros, pelo banqueiro António Simões e a advogada Maria Antónia Cameira.
Lusa/SOL