Reclusos intoxicados com anestésico usado por veterinários

A Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP) informou hoje que a hospitalização dos oito reclusos da prisão de Castelo Branco será averiguada para apuramento do tipo e modo de entrada da quetamina, substância ilícita que os afetou, e que costuma ser utilizada na medicina veterinária para anestesiar animais.

"A ocorrência será objecto de averiguação por parte desta direção-geral e será comunicada ao Ministério Público, para apuramento do tipo e modo de entrada no estabelecimento, da substância ilícita que afectou o estado de saúde dos reclusos que a consumiram", refere a DGRSP em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo o documento, hoje, ao princípio da tarde, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) foi chamado ao Estabelecimento Prisional de Castelo Branco e transportou oito reclusos, "que apresentavam sinais de doença súbita, resultante do consumo de uma substância ilícita, presumivelmente 'ketamina'".

"Os reclusos que sofreram a intoxicação foram objeto de acompanhamento clínico desde os primeiros sinais de mal-estar e estão a ser assistidos e seguidos nos competentes serviços do hospital Amato Lusitano de Castelo Branco", adianta a DGRSP.

A quetamina é uma substância usada desde o final do século XX como droga, principalmente em discotecas. Os seus efeitos são alucinogénicos e pode ter consequências graves para a saúde.

O director clínico do Hospital Amato Lusitano (HAL), em Castelo Branco, onde os reclusos deram entrada hoje à tarde, disse à imprensa que "todos correm perigo de vida". "Dos oito [reclusos] há cinco mais instáveis, mas todos eles estão em estado crítico".

Questionado sobre o tipo de substâncias que causaram esta intoxicação, o diretor clínico do HAL explicou que, neste momento, "de modo sério e profissional, não se pode confirmar que foi a 'ketamina'", adiantando não poder excluir "que existam outras drogas associadas".

Este responsável adiantou que foram feitas análises no laboratório do HAL, cujo resultado foi "positivo para cannabis e benzodiazepinas". "O resto foi para os laboratórios competentes".

O diretor clínico do HAL, Rui Filipe, explicou que a equipa dos cuidados intensivos da unidade hospitalar, onde os reclusos se encontram, foi reforçada.

Os oito reclusos são todos do sexo masculino e têm idades entre os 24 e 53 anos e estão todos a ser acompanhados pelos cuidados intensivos.

Lusa com SOL