França inspira acordo com CTT

A Altice estabeleceu uma parceria com os CTT para potenciar sinergias comerciais e oportunidades de negócio. Os contornos do acordo estão ainda por definir e, ao que o SOL apurou, só deverão ficar fechados quando o grupo concretizar a compra da PT Portugal à Oi.

Os franceses já têm experiências de sucesso com operadores postais internacionais, o que poderá servir de inspiração para o mercado português. Em França, por exemplo, são parceiros dos correios La Poste, através de uma das empresas do grupo, a SFR.

Em conjunto, as duas empresas criaram uma operadora móvel virtual, La Poste Mobile, detida em 49% pela La Poste e em 51% pela Altice. Apesar de o mercado francês ser altamente competitivo, a La Poste Mobile evidenciou um forte crescimento, conquistando 500 mil clientes nos primeiros seis meses de actividade.

O modelo que vier a ser implementado em Portugal irá sempre optimizar as redes de retalho, aproveitando a escala dos CTT. O desenvolvimento de negócios conjunto focar-se-á na distribuição de telecomunicações e no lançamento de novas soluções para incrementar a área do comércio electrónico e serviços financeiros em Portugal.
 
Gestão corrente

Os CTT receberam um pagamento inicial de 15 milhões, que será reforçado em mais 15 quando se consumar a parceria. Este valor é apenas uma espécie de antecipação das sinergias calculadas entre as empresas. Fonte oficial dos CTT refere que não há desenvolvimentos nesta matéria. Os contornos específicos do acordo ainda estão por fechar.

Também as decisões estratégicas na PT estão à espera que se conclua a transacção. Na prática, a administração da empresa portuguesa tem estado, nos últimos meses, em gestão corrente. O plano estratégico da dona do Meo foi congelado e qualquer decisão que implique custos ou uma transformação empresarial é adiada ou exige uma consulta prévia à Altice.

Administração muda

Além disso, nesta altura, os administradores estão em contagem descrente para abandonar o board da operadora. Armando Almeida, gestor escolhido pela Oi, deverá ser substituído. O presidente executivo do grupo francês, Dexter Goei, já sinalizou que a nova administração será composta por gestores nacionais, com um profundo conhecimento sobre a empresa e o sector. E a dimensão do conselho de administração será reduzida.

No mercado, Pedro Leitão, actual administrador com o pelouro do Meo, é apontado como potencial candidato à liderança executiva. Está na operadora há 15 anos e tem o perfil desejado pelos franceses.

Recentemente, Armando Pereira, o accionista português da Altice, assegurou que o grupo não pretende fazer uma reestruturação intensa da PT Portugal, como é frequente quando fazem aquisições – foi o que aconteceu, por exemplo, com a Cabovisão. No entanto, assumiu a intenção de mexer na equipa de gestão e nos quadros directivos. Reduzir a estrutura de custos é uma das prioridades dos franceses. Tudo indica que a nomeação da nova administração poderá ocorrer ainda antes da conclusão do processo de compra da PT, durante a Primavera.

Entretanto, os sindicatos querem a assinatura da Altice e do Governo num acordo de compromisso que salvaguarde os interesses dos trabalhadores e o projecto PT. A intervenção de Pires de Lima, ministro da Economia, não está ainda garantida. O documento deverá ser fechado esta semana.

sandra.a.simoes@sol.pt