A representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a violência sexual em cenários de conflito, Zainab Bangura, afirmou, numa conferência de imprensa, que a violência sexual está a ser praticada estrategicamente, de forma generalizada e sistemática e com alto grau de sofisticação, pela maioria das partes envolvidas no conflito da Síria e Iraque.
"As mulheres e raparigas estão em risco e sob ataque em todos os aspetos da sua vida", afirmou Bangura, sublinhando que a ameaça da brutalidade as segue "a cada passo do caminho, no seio do conflito activo, em áreas controladas por atores armados, em postos fronteiriços e de controlo e em instalações de detenção".
Bangura visitou a Síria e o Iraque entre 16 e 29 de Abril, bem como os países vizinhos Turquia, Líbano e Jordânia, onde conheceu mulheres que escaparam ao Estado Islâmico.
A representante citou casos de casamento forçado, temporário e prematuro e descreveu como as guerrilhas são encorajadas a cometer estes actos, como parte da sua 'jihad'.
Bangura relatou casos de mulheres vendidas como escravas sexuais: "As raparigas são literalmente despidas e examinadas em bazares de escravas", disse, descrevendo como foram "categorizadas e enviadas, nuas, para Dohuk ou Mossul, ou outras localizações, para serem 'distribuídas' pelas forças do Estado Islâmico".
A responsável listou também o exemplo de uma mulher que casou mais de 20 vezes e, de cada vez, teve de ser submetida a cirurgias para repor a sua virgindade.
"O Estado Islâmico institucionalizou a violência sexual e a brutalização de mulheres como um aspecto central da sua ideologia e operações, usando-a como uma táctica de terrorismo para avançar os seus objectivos estratégicos", afirmou, explicando como as mulheres foram prometidas a guerrilheiros ou como o grupo extremista angariou fundos através do tráfico humano, prostituição e resgates.
Lusa/SOL