E o resto é paisagem

“Perceber em que medida a paisagem faz parte da nossa vida” e “como é que a arquitectura é paisagem” são perguntas a que a exposição ‘Paisagem como Arquitectura’, inaugurada na quarta-feira na Garagem Sul do Centro Cultural de Belém procura responder, segundo João Gomes da Silva.

O arquitecto paisagista, bem como o arquitecto madeirense Paulo David, foram desafiados por Nuno Crespo, o curador (e crítico de arte do Público), para que o visitante se confronte com o trabalho arquitectónico e paisagístico de ambos no resgate das memórias do lugar da intervenção em “vários níveis de leitura, da mais rigorosa da arquitectura, mas também a outras formas de nos relacionarmos com os territórios, um nível mais sensível e empírico”.

É aí que entra o “olhar subjectivo” de Nuno Cera, cujos vídeos estão no início e no fim do espaço expositivo. No meio, uma nave central repleta de fotografias e de materiais que os arquitectos recolheram ou utilizaram na Ribeira das Naus, em Lisboa, no Centro das Artes Casa das Mudas, na Calheta, ou na Herdade do Barrocal, em Monsaraz, mas também cartas geológicas ou amostras de folhas cedidas pelo Museu de História Natural. Nas naves laterais há maquetas e desenhos, “representação, síntese e abstracção”.

É a partir de exemplos como estes de preservação de identidade e do “redesenhar a nossa biografia”, como sublinhou Paulo David, que se pode olhar para a paisagem como “um dos maiores recursos económicos e culturais do país”, como apontou Gomes da Silva.

‘Paisagem como Arquitectura’ pode ser vista até 19 de Julho.

cesar.avo@sol.pt