Lula investigado

Garoto de propaganda” foi o epíteto encontrado pelo deputado federal Efraim Filho para justificar o pedido de convocação de Lula da Silva a prestar esclarecimentos na comissão parlamentar de inquérito à Petrobras. O escândalo de corrupção da petrolífera estatal, que envolve vários nomes do Partido dos Trabalhadores (PT), tem ligações à construtora Odebrecht. E esta,…

O PT – da actual Presidente Dilma Rousseff e do antecessor Lula da Silva – tem estado na mira judicial por causa da Operação Lava-Jacto, que desvendou um esquema de corrupção na Petrobras através de contratos sobrefacturados, cujas verbas desviadas serviram para financiar partidos e enriquecer funcionários e empresários.

Uma reportagem da revista Época, na semana passada, deitou mais achas para a fogueira e revelou que foi aberta uma investigação preliminar a Lula da Silva pelo alegado papel em contratos da construtora Odebrecht no estrangeiro, entre 2011 e 2014. Em causa estão viagens de Lula (que já não era Presidente do Brasil), pagas pela Odebrecht, a países africanos e sul-americanos.

A construtora assinou após estas viagens contratos para realizar obras nesses países – e as obras seriam financiadas a baixo custo pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), banco público brasileiro. “Lula viajou como garoto de propaganda para a Odebrecht fazer negócios com dinheiro do BNDES”, acusa o deputado Efraim Filho.

Segundo a Época, para obras de infra-estruturas em países como Angola, Gana, Cuba, Venezuela e República Dominicana, a Odebrecht terá recebido 4.000 milhões de dólares do BNDES nos últimos anos. Deste valor, 1.600 milhões foram pagos após Lula da Silva sair da presidência do Brasil, no final de 2010.

Lula nega qualquer prática criminosa (tal como a Odebrecht e o BNDES), defendendo que é comum os ex-PR irem ao estrangeiro fazer conferências que são pagas, tanto por empresas nacionais como internacionais. Num evento do 1.º de Maio, atacou os jornalistas das revistas Época e Veja: são “lixo e não valem nada”.

Mais problemas para o PT

Nos próximos 90 dias o Ministério Público decidirá se abre um inquérito criminal contra Lula ou se arquiva toda a investigação. João Santana é outro nome ligado ao PT envolvido na investigação de corrupção.

O responsável pela campanha presidencial de Dilma Rousseff é suspeito de lavagem de dinheiro, no valor de 16 milhões de dólares que terão saído de Angola para o Brasil em 2012, ano em que segundo a Folha de São Paulo assessorou uma campanha eleitoral em São Paulo e outra em Angola. O candidato brasileiro do PT Fernando Hadad venceu as eleições para a câmara paulista, tal como o angolano José Eduardo dos Santos foi reconduzido na presidência.

João Santana já refutou as suspeitas e apresentou recibos de pagamento pelo seu trabalho e os contratos de prestação de serviços.

Tanto o caso de Santana como o de Lula estão a servir de munição para a oposição brasileira, que exige a impugnação do mandato presidencial de Dilma Rousseff.

ana.c.camara@sol.pt