A cultura é um conceito com várias acepções, mas genericamente reflecte o conhecimento adquirido pelo homem num determinado contexto. Neste pressuposto, a reflexão sobre a forma como se estrutura a cultura do turismo no nosso país deve ser um assunto prioritário.
Tive, recentemente, a oportunidade de abordar esta problemática num jornal de referência na área do turismo em Portugal (jornal Publituris), e justifico de novo esta intervenção por sentir que podemos avançar com esta reflexão. Nesse artigo referi uma notícia publicada, em alguns jornais brasileiros, sobre a inclusão de um programa escolar dedicado ao turismo nas 284 escolas (Ensino Fundamental I e II) pertencentes à rede pública de Fortaleza (Ceará – BR). Este programa, promovido pela Prefeitura de Fortaleza, através da Secretaria de Turismo em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, visa a apresentação de equipamentos turísticos aos estudantes, dando a oportunidade de conhecerem in loco o património cultural da cidade agregado ao desenvolvimento de um vasto conjunto de profissões inerentes à actividade.
São alunos com idades entre os seis e os quinze anos, que desde cedo, passam a ser sensibilizados para este tipo de assunto. Esta decisão poderá querer transparecer o conhecimento que o Brasil tem sobre o turismo como factor de desenvolvimento na economia. Segundo os últimos dados estatísticos, em 2014 o gasto por parte dos turistas estrangeiros bateu o recorde, com 203 milhões de dólares a mais do que foi registado em 2013.
Entre os vários assuntos que tenho escrito sobre a relação que adolesce entre o turismo e a educação, penso que este é talvez um dos mais sensíveis e que obrigará, num curto espaço de tempo, os decisores a reflectir sobre a sua implicância.
Estamos perante um processo que nos remete para a necessidade de assumirmos a consciencialização turística do nosso país, através de aprendizagens junto dos mais jovens dedicadas à arte de bem receber e à relevância do retorno financeiro que esta prática pode proporcionar em destinos estratégicos como o nosso.
Seria interessante analisar os modelos de ensino que começam a ter expressão noutros países e perceber até que ponto a inserção do ensino desta actividade na escola básica contribui para a cultura do turismo no nosso país.
*Directora do Departamento de Turismo do Grupo Lusófona