“O Senhor dos Anéis”, Pedro Costa e Rufus Wainwright. Já se conhece a nova temporada de música da Gulbenkian

Duas referências do cinema e um nome da pop. Parece estranho tratando-se esta notícia da nova temporada de música da Fundação Calouste Gulbenkian, mas não há nada de errado aqui. Depois de, na temporada passada, a Gulbenkian ter apresentado “2001 – Odisseia no Espaço”, de Stanley Kubrick, com banda sonora ao vivo, a experiência repete-se,…

Outro dos espectáculos em que música e sétima arte estarão de mãos dadas será apresentado, no dia 1 de Abril de 2016, pelos Músicos do Tejo em colaboração com o cineasta Pedro Costa, a partir de obras-primas da música barroca de compositores como Vivaldi, Monteverdi, Händel e Bach. 

Cobrindo uma enorme variedade de estilos, épocas e reportórios – onde se irão cruzar novas criações com a herança da música clássica -, outra das apostas fortes da programação de música da Gulbenkian para 2015/16 é o espectáculo que Rufus Wainwright traz ao Grande Auditório, a 27 de Novembro, inspirado em Maris Callas. 

Consagrado como uma estrela da música pop, Rufus Wainwright nunca escondeu a sua paixão pela ópera, tendo inclusive incluído, várias vezes, nos seus discos momentos de íntima relação com este universo musical. “Prima Donna” é a sua primeira obra operática e conta com a participação dos artistas Cindy Sherman, no papel de Maria Callas, e Francesco Vezzoli, com a projecção de uma criação vídeo. 

No que diz respeito à ópera, destaque ainda para a actuação da meio-soprano alemã Waltraud Meier, uma das maiores interpretes de sempre do reportório wagneriano. Acompanhada pela Orquestra Gulbenkian, a cantora vai interpretar o ciclo Wesendonck Lieder, nos dias 3 e 4 de Março de 2016. 

No campo dos inéditos, haverá cinco peças em estreia mundial, encomendas da Gulbenkian aos compositores Luís Tinoco, Victor Gama, Nuno da Rocha, José Júlio Lopes e Jamie Man. Novidade será também o concerto de Rodrigo Leão no Coliseu dos Recreios, a 20 de Novembro, com a Orquestra e Coro Gulbenkian, que marcará a estreia ao vivo do seu próximo álbum, a ser lançado nessa altura. 

Ao todo, serão mais de 30 os concertos que contarão com a actuação da Orquestra Gulbenkian. Sob a direção de vários maestros, entre outros, Jukka-Pekka Saraste, Karl-Heins Steffens, David Zinman, Ton Koopman e Lawrence Foster (antigo maestro titular) e Claudio Scimone (maestro honorário), “a coluna vertebral da presente temporada é formada pelos concertos semanais do Coro e Orquestra”, disse Histo Nieminen, director do serviço de música, salientando a versatilidade da formação que irá interpretar música barroca, contemporânea ou de inspiração mais popular.

O habitual Ciclo de Piano traz este ano várias gerações de instrumentistas. No campo das revelações destaque para os pianistas americano de ascendência chinesa Conrad Tao, russo Daniil Trifonov, israelo-palestiniano Saleem Abboud Ashkar e britânico Benjamim Grosvenor. 

Outro ciclo que já ganhou raízes no Grande Auditório é o de Músicas do Mundo e, este ano,  o destaque vai, certamente, para a espanhola Estrella Morente, uma das mais elogiadas cantoras andaluzes, e para Alireza Ghorbani, figura maior do Irão, que, com os seus instrumentos tradicionais, vai interpretar canções de amor persas.

A música espiritual do Azerbeijão também se fará ouvir com o Alim Qasimov Ensemble (em Janeiro) e "Clychau Dibin" (em Fevereiro) é um concerto de fusão de cultura celta e mandinga celebrado pela harpa da galesa Catrin Finch e a kora do senegalês Seckou Keita.

alexandra.ho@sol.pt