Na terça-feira, as autoridades tentaram recriar passo a passo os acontecimentos da noite do dia 11 de Maio, quando Daniel agrediu brutalmente o amigo, que acabou por morrer de uma pancada na cabeça. O crime, praticado no apartamento do 4.º andar de um prédio no centro de Salvaterra de Magos onde o homicida já vivera, não terá sido premeditado.
Ao que o SOL sabe, as autoridades estão convictas de que por trás do ataque estão “motivos fúteis”: o facto de Daniel invejar o mundo em que Filipe vivia e que era diferente do seu. O adolescente assassinado tinha uma boa relação com a mãe, dinheiro e roupas de marca. Já no caso de Daniel, a relação familiar era conflituosa. Foi a mãe que aos 11 anos pediu ajuda à Comissão de Menores de Benavente por não conseguir controlar o filho, que faltava às aulas e praticava pequenos crimes. Acabou por ser condenado por furtos e tráfico de droga e foi internado em dois centros educativos. Antes de ser preso estava a viver em casa de uma amiga.
Escondeu o corpo sem ajuda
A reconstituição de terça-feira, cruzada com a recolha de vestígios que tinha sido feita no apartamento, permitiu à Judiciária reforçar a ideia inicial de que o jovem terá também agido sem a ajuda de outras pessoas, apurou o SOL.
Logo após a descoberta do corpo de Filipe, as autoridades fizeram várias perícias no apartamento, que estava desocupado e que Daniel costumava frequentar com os amigos. Recolheram amostras de sangue, mas também de suor e cabelos de outras pessoas. Acreditam agora que estes vestígios não têm ligação ao homicídio.
Terá sido também sozinho que Daniel regressou mais tarde ao apartamento e retirou o corpo do adolescente, escondendo-o numa arrecadação do andar de cima. Foi ali que foi encontrado três dias depois pela polícia, já após o jovem ter confessado que cometera o crime.
Detido há duas semanas no Estabelecimento Prisional de Leiria, por suspeita de homicídio e profanação de cadáver, Daniel só recebeu visitas da advogada e da mãe.
Apesar de Susana Neves ter, pouco depois do crime, criticado o filho nas redes sociais, dizendo que teria de “pagar o que fez sozinho”, já foi vê-lo duas vezes à cadeia. O primeiro encontro decorreu na quinta-feira da semana passada e o segundo no domingo, já depois de o programa Sexta às Nove, da RTP, ter publicado uma carta escrita por Daniel, em que este anunciava que deu instruções para que apenas duas pessoas o visitem: uma amiga e a advogada, Teresa Manique.
A advogada já o visitou na prisão de Leiria – destinada a reclusos com menos de 21 anos e onde Daniel está numa ala mais protegida dos restantes detidos – e tem dito que o jovem “não é um monstro” e que “tem direito à defesa”. Daniel está a receber apoio psicológico.