Mãe que sequestrou filho durante oito anos fica em prisão preventiva

A mulher que é suspeita de ter sequestrado o filho dentro da própria casa, ao longo de mais de oito anos, ficou em prisão preventiva. Depois de ter sido ouvida no Tribunal de Cascais, Maria Varela vai agora ser encaminhada para o Estabelecimento Prisional de Tires. A vítima, um homem de 38 anos, permanece internada…

Os problemas que envolviam a família do homem que ontem foi libertado de um cativeiro de oito anos em Cascais já eram conhecidos das autoridades há vários anos. A situação foi denunciada ao Ministério Público pela Segurança Social em 2011 mas a queixa acabou por ser arquivada. Na sequência da descoberta do homem em cativeiro, que ocorreu na terça-feira de manhã, o Ministério Publico abriu um novo inquérito, avançou ao SOL, fonte oficial da Procuradoria-geral da República.

Também as autoridades policiais conheciam os desacatos constantes provocados pela mãe do homem sequestrado, uma mulher de 62 anos com sinais de perturbações mentais, e foram várias vezes chamadas ao local para resolver agressões e ameaças aos vizinhos.

Contudo, nunca suspeitaram que em casa desta família vivessem os dois filhos do casal, Ana e António, em condições degradantes, um dos quais enjaulado num quarto fechado com correntes, e apenas um colchão e um balde. Segundo contou ao SOL o comandante do sub-destacamento territorial da GNR de Alcabideche, Filipe Costa, os episódios eram sempre de pequena gravidade e não passavam de ameaças e pequenas agressões.

Ontem de manhã, na sequência de desacatos provocados pela matriarca da família, Maria Varela, a GNR de Alcabideche foi novamente chamada ao local para resolver um conflito entre esta e uns vizinhos. A mulher ainda resistiu à polícia, pois estava bastante perturbada, mas a GNR acabou por entrar em sua casa depois de ouvir uns grunhidos vindos do interior. Aí encontrou o filho do casal fechado num quarto, sem luz, sujo, e com um cheiro nauseabundo. Ao local foram chamados os bombeiros, as autoridades de saúde e a protecção civil.

Segurança Social sinalizou caso ao Ministério Público há quatro anos

A primeira sinalização do caso foi feita em 2011 pela Segurança Social que visitou a família e lhe propôs receber apoio social e cuidados de saúde. Mas nem Maria Varela, nem o marido aceitaram a ajuda proposta. Os técnicos que por várias vezes visitaram a família acabaram por desistir da intervenção pois eram constantemente ameaçados e insultados quando se dirigiam ao número 24 da Rua Nova da Ribeira, na Amoreira, em Cascais. Segundo afirmou ao SOL o Instituto da Segurança Social, o agregado familiar passou «a recusar a entrada das equipas da Segurança Social na sua habitação». Na sequência desta situação, a Segurança Social remeteu o caso para o Ministério Público. A Segurança Social não esclarece se tinha conhecimento efectivo da situação de sequestro a que estava sujeito António Varela, ou se apenas remeteu a situação para o Ministério Público por suspeitas de maus tratos e por impossibilidade de intervenção junto da família. Segundo apurou o SOL junto de fontes locais, a queixa foi arquivada.

rita.carvalho@sol.pt