Com uma dissertação sobre difteria apresentada em 1938, quando tinha 25 anos, a doutoranda de Medicina viu ser-lhe negado o acesso a um exame oral final que lhe concederia o título académico.
Isto porque se tratava de uma universidade germânica e porque Ingeborg era filha de uma judia. Estávamos na Alemanha de Hitler, em 1938. O motivo do chumbo não deixava margem para dúvidas: “razões raciais”.
“Foi uma vergonha para a ciência e uma vergonha para a Alemanha”, lamenta hoje, em declarações ao jornal britânico Independent.
Pouco tempo depois do, e em vésperas da Segunda Guerra Mundial, a estudante de Medicina decide fugir para os Estados Unidos, onde prosseguiria os estudos. Mas o doutoramento permaneceria ‘pendurado’.
Foi só este ano que a Universidade de Hamburgo decidiu repor a justiça, convidando Ingeborg a defender a tese concluída em 1938. Em Maio, três professores viajaram até à actual residência da anciã, em Berlim, para submeter a médica a uma prova oral. O desempenho foi positivo e o diploma foi hoje entregue.
Ingeborg explica que a conclusão deste processo é “uma questão de princípio”.
“Eu nem queria defender a tese por minha vontade. No final de contas, aos 102 anos, não é propriamente uma coisa fácil para mim. Eu fi-lo pelas vítimas”, explicou.