O afastamento de Mota Amaral

A notícia surgiu indignada, mas breve. Nesta leveza com que os jornais vão devorando temas, ficou esmagada pelos temas seguintes.

E, no entanto, eu esperava mais. O PSD decidiu afastar Mota Amaral da Assembleia, substituindo-o na lista de deputados dos Açores por Berta Cabral. O afastamento de Mota Amaral, no entanto, é gravíssimo. Nem vale a pena recordar a importância do seu papel político, desde que frequentou a Ala Liberal do ‘marcellismo’ (ao lado de figuras como Pinto Leite, Sá Carneiro e Balsemão), até à sua passagem pela presidência da Assembleia da República (e os partidos costumam escolher senadores respeitáveis e de reconhecido mérito para esse cargo).

O seu afastamento representa um recuo do PSD talvez aos liberalismos da 1ª República, e ao PREC em que o insultavam por vir do ‘marcellismo’, com o reafirmar do horror a tudo o que de moderno pode ter uma democracia.

Felizmente, nunca me filiei em nenhum partido, nem sequer no PSD. Porque o actual (que nada tem a ver com o de Sá Carneiro) dá-me muitas razões para ter vergonha dele: e o afastamento de Mota Amaral é só uma delas.