Bombeiros alarmados com falta de helicópteros

Os quatro helicópteros Kamov que este ano não deverão estar disponíveis durante a fase Charlie – a mais crítica para os fogos florestais e que começa já na quarta-feira – podem comprometer a resposta aos incêndios. «É preocupante. O dispositivo de combate, o maior já preparado, foi pensado para fazer face às necessidades detectadas no…

Kamov 'não são confiáveis'

A questão, considera ainda Jaime Soares, não é os Kamov não estarem operacionais, mas a própria redução dos meios complementares. «Não sabemos se o único Kamov que resta irá funcionar ou não depois de uma operação. São meios pouco confiáveis, que exigem uma grande especialização e que têm custos de manutenção elevadíssimos. E estiveram mais de 1.200 horas parados», refere. 

O responsável vai mais longe, defendendo que estes helicópteros, comprados pelo Estado português à Rússia há oito anos, deveriam ser trocados por outros, com a mesma capacidade mas mais rápidos. E que não tenham custos de manutenção «tão exagerados». 

Aliás, e segundo noticiou o SOL no início deste mês, foram mais de 200 as desconformidades detectadas nos Kamov, numa auditoria realizada pela empresa vencedora do concurso público para a sua manutenção. Fontes do sector estimaram então que ter as aeronaves a funcionar em condições de segurança custaria quatro milhões de euros.

Num ano em que a GNR registou já quase nove mil ocorrências de incêndio (8.955, mais 4.574, que em período homólogo de 2014), «todos os meios fazem falta», sublinha o responsável da LBP. Continua por esclarecer, porém, se os Kamov estarão operacionais a tempo. 

Caso isso não aconteça, o Ministério da Administração Interna (MAI) admite recorrer a meios externos. O MAI «está empenhado na eventual contratação de meios adicionais considerados, do ponto de vista operacional, necessários para substituir os que estiverem em falta», anunciou no Parlamento, na quarta-feira, a ministra Anabela Rodrigues.

O MAI já tinha admitido a possibilidade de nenhum dos meios avariados estar operacional ainda este Verão, tendo aberto um inquérito:  «O MAI está empenhado no apuramento total das responsabilidades através do inquérito que foi determinado à Inspecção-geral da Administração Interna (IGAI)», insistiu a ministra.

Cabe agora à Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC), que adjudicou recentemente a manutenção dos seus meios aéreos à Everjets, «recuperar as aeronaves para que possam integrar o mais rapidamente possível o dispositivo de combate a incêndios florestais», acrescentou ainda Anabela Rodrigues. 

Protecção Civil tranquila

Ao SOL, fonte oficial da ANPC assegura que a falta destes helicópteros não colocará em risco a defesa contra os incêndios este Verão. «A 'geometria flexível' que caracteriza o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) dá-nos confiança e tranquilidade quanto à capacidade de respondermos com eficiência e eficácia às exigências das situações operacionais», garante. 

Em termos de meios aéreos, o DECIF contempla este ano, tanto para ataque inicial como ampliado (quando o fogo já se propagou), seis aviões bombardeiros médios, dois bombardeiros pesados (Canadair), 28 helicópteros bombardeiros ligeiros (Ecureuil), oito helicópteros bombardeiros médios (Bell 212 ou equivalente) e um helicóptero bombardeiro pesado Kamov (uma vez que quatro não estão operacionais). Destes meios aéreos, são propriedade do Estado os Kamov e os Ecureil, sendo os demais alugados.

Fonte da ANPC sublinha que os meios aéreos não são a única linha de combate aos incêndios: «Há toda uma outra panóplia de meios, sejam terrestres sejam outras aeronaves, que concorrem e capacitam o DECIF para poder dar uma resposta cabal às exigências do combate aos incêndios florestais».

sonia.balasteiro@sol.pt