"Nunca me vejo a fazer parte destas pessoas com probabilidade de obter estas distinções", disse a autora à Lusa, quando da atribuição do prémio.
Na cerimónia, a decorrer no Palácio Foz, em Lisboa, estarão presentes o secretário de Estado da Cultura do Governo português, Jorge Barreto Xavier, e o ministro brasileiro da Cultura, Juca Ferreira.
O anúncio da atribuição do Prémio Camões a Hélia Correia foi feito a 17 de junho, no Rio de Janeiro. A escritora receberá um prémio monetário de 100 mil euros.
O galardão foi atribuído por unanimidade a uma autora que tem "uma vertente universal, pela forma como explora a natureza humana nos seus vários aspectos, pela atenção que dá ao mundo real, pela atração telúrica entre crenças, evolução do tempo", sublinhou na altura à agência Lusa a presidente do júri, a investigadora Rita Marnoto.
Para o júri, Hélia Correia, seja no romance, no conto ou na poesia, explora a natureza humana "a partir das suas raízes na antiguidade clássica, projetando-a nos nossos dias, através de cruzamentos que se estendem a várias vias da literatura contemporânea".
Nascida em Lisboa em 1949, Hélia Correia é autora de romance, novela e conto, mas também de poesia e teatro.
Licenciada em Filologia Românica destaca-se sobretudo como ficcionista, com as obras "Lillias Fraser", "A casa eterna", "Adoecer" e "Bastardia".
Sobre o sentimento de ser alheia "às probabilidades de reconhecimento literário", Hélia Correia explicou: "Não sinto que mereça, porque sou muito preguiçosa e descuidada na minha relação com a projeção literária, vivo num mundo muito separado do mundo social que possa estar ligado à literatura. E de vez em quando, creio eu, há uns júris assim, que são mais movidos, creio eu, pelo afeto e pela generosidade".
O Prémio Camões foi instituído por Portugal e pelo Brasil como forma de reconhecer autores "cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da literatura de língua portuguesa em todo o mundo", sustenta a organização.
O primeiro distinguido, em 1989, foi o escritor português Miguel Torga.
O júri da 27.ª edição do Prémio Camões contou com Rita Marnoto, professora na Universidade de Coimbra, Pedro Mexia, crítico literário e escritor, Inocência Mata, professora nas universidades de Lisboa e de Macau, e pelos escritores Affonso Romano de Sant'Anna, António Carlos Secchin e Mia Couto.
Lusa/SOL