Floriram Por Engano as Rosas Bravas

O poema de Camilo Pessanha sobre a efemeridade e fragilidade da condição humana era um dos preferidos de Maria Barroso e tornou-se viral esta quarta-feira, o dia em que Portugal se despede da antiga primeira-dama. O SOL republica-o:

Floriram por engano as rosas bravas

No Inverno: veio o vento desfolhá-las…

Em que cismas, meu bem? Porque me calas

As vozes com que há pouco me enganavas?

 

Castelos doidos! Tão cedo caístes!…

Onde vamos, alheio o pensamento,

De mãos dadas? Teus olhos, que um momento

Perscrutaram nos meus, como vão tristes!

 

E sobre nós cai nupcial a neve,

Surda, em triunfo, pétalas, de leve

Juncando o chão, na acrópole de gelos…

 

Em redor do teu vulto é como um véu!

Quem as esparze — quanta flor! —, do céu,

Sobre nós dois, sobre os nossos cabelos?