Costa acena com crise política se PS não tiver maioria

António Costa subiu esta noite o tom ao acenar com uma crise política, caso o PS não consiga a maioria absoluta nas eleições legislativas. “O país não precisa acrescentar agora uma crise política”, disse o líder do PS.

Num programa da TVI com um formato diferente do habitual, “Tenho uma pergunta para si”, Costa foi respondendo a perguntas da jornalista Judite de Sousa e de cidadãos escolhidos previamente. Questionado pela jornalista da TVI sobre a exigência da vitória do PS nas legislativas não “saber a pouco” – uma expressão utilizada por Costa para se referir à vitória do PS nas europeias e para justificar a sua disputa à liderança do partido -, Costa apelou ao voto útil. 

“Tem que ser uma vitória que dê ao PS as ferramentas necessárias. Uma vitória que não saiba a pouco, porque se souber a pouco o que significa é que temos poucas condições para executar o nosso programa”, pediu Costa. Para o líder do PS, o país não precisa de acrescentar à crise económica e financeira uma crise política. “O país não precisa acrescentar agora uma crise política”, disse. “O ideal é que haja uma maioria para não estarmos com incertezas”, concluiu.

Mas se o PS não tiver maioria absoluta, Costa recusa coligar-se “com quem tem conduzido esta política”, ou seja, os partidos da maioria. “Os portugueses não querem a continuação do PSD e CDS, a continuação das suas lideranças no país. Seria um contra-senso o PS propor-se ganhar eleições para prosseguir com as políticas que os portugueses não querem”, justificou.

Costa assumiu que o IRS pode aumentar para os mais ricos. A introdução de uma maior progressividade nos escalões do IRS já tinha sido anunciada e o SOL também já tinha noticiado que a estratégia passaria por aumentar os impostos para os mais ricos e aliviar os dos mais pobres. Agora, Costa assume-o publicamente: “O objectivo que temos de aumentar os escalões de forma a melhorar a progressividade resultará a que quem ganha mais vai pagar mais e quem ganha menos vai pagar menos”. O secretário-geral do PS não revelou, no entanto, a partir de quanto será esse “ganhar mais” que será mais onerado, justificando que é preciso estar no Governo e ter a percepção da “máquina fiscal”.

Sobre a situação da Grécia, Costa seguiu a linha que tem vindo a percorrer nos últimos dias, recusando o radicalismo do governo Syriza e mostrando que com o PS será diferente – numa resposta à direita que tem cavalgado a onda no sentido de colar aos socialistas o rótulo da instabilidade grega. “Temos uma estratégia diferente da Grécia. É um erro agir isoladamente e contra todos”, disse Costa. Para o líder do PS é importante “construir alianças, criar blocos e agir em conjunto” na Europa, rejeitando a “base do confronto porque, como se vê, na base do confronto tudo se torna mais difícil”.

Um dos temas que não passou em claro foi José Sócrates. Costa admitiu que não tem prevista mais nenhuma visita à prisão de Évora. “Neste momento não tenho previsto nenhuma outra visita”, afirmou. 

Já sobre a possibilidade de o ex-líder do PS António José Seguro poder entrar nas listas de deputados à Assembleia da República, Costa apenas referiu que Seguro já “deu indicações que deseja estar afastado da vida política”. “Cumpre respeitar a sua vontade. Como é evidente é um militante e contamos sempre com todos”, concluiu. 

sonia.cerderia@sol.pt