Desespero socialista: António Costa quer Mário Centeno para Primeiro-Ministro

1. Quinta-feira, António Costa esteve na TVI para uma entrevista em directo, com a presença de telespectadores em estúdio. No dia anterior, a mesma TVI publicou uma sondagem em que António Costa surge à frente da coligação liderada por Pedro Passos Coelho. Foi, pois, uma semana em que a TVI proporcionou a sessão de propaganda mais eficaz de António…

2. Pois bem, devemos dizer que, para nós, o que vimos quinta-feira não é jornalismo – é a instrumentalização de um espaço noticioso para fins de propaganda político. E nós diríamos – e diremos – exactamente o mesmo caso o visado fosse Pedro Passos Coelho. Primeiro: as perguntas são treinadas antecipadamente e não se consegue deduzir qual o critério de escolha dos intervenientes. 

3. A função do jornalista é mediar o público e os protagonistas da actualidade. É evidente que este formato é muito popular nos Estados Unidos da América – mas é diferente. Por exemplo, no “Hannity” da FOX NEWS, há, de facto, intervenção do público na colocação de questões ao entrevistado ou opinião do público emitida em directo – mas há critérios objectivos de escolha das perguntas e participantes. 

4. Por outro lado, fica-se com a sensação de que a grande maioria dos “cidadãos comuns”, como foram qualificados, presentes no estúdio da TVI, 90 por cento eram militantes ou simpatizantes do PS! Vou este exemplo: esteva a ver a rever o debate madrugada fora quando constato que, no final do debate, a câmara de TVI se fixa numa pessoa presente na plateia, um senhor de 50 e poucos anos, que é…nem mais, nem menos que Miguel Coelho, homem do aparelho do PS, presidente de uma Junta de Freguesia, eleito pelo PS por escolha pessoal de António Costa! Nós – que estamos atentos à vida política portuguesa – identificámos logo um militante do PS, apoiante de António Costa, na plateia. Nossa pergunta: quantos mais estariam na plateia, devidamente disfarçados? Quantos “Miguéis Coelhos”? 

5. Dito isto, o que dizer das intervenções de António Costa? No essencial, previsível e sem chama. Previsível, porque levava as respostas muito bem estudadas e treinadas, repetindo, em grande medida, o que Ferro Rodrigues já dissera no debate no Parlamento. Sem chama, porque António Costa não é telegénico, estava muito nervoso, sem alegria, nem entusiasmo. Em António Costa, tudo parece forçado – parece um homem sem convicções. É que quem tem convicções ou acredita no que está a dizer, apresenta um semblante mais positivo, mais animado – e não a “cara de frete” com que António Costa se apresentou quinta-feira. 

6. O desempenho de Costa quinta-feira permitiu clarificar os portugueses quanto ao seu plano de acção. António Costa quer aumentar impostos! Costa, à boa maneira socialista, entende que solução para resolvermos os problemas nacionais é …aumentar os impostos! Tirar-lhe ainda mais dinheiro, caro leitor! O meu caro leitor trabalha, ganha o seu sustento e da sua família honestamente, já paga uma enormidade de impostos…mas Costa ainda não está satisfeito: quer continuar a alimentar a máquina socialista de Estado com o seu dinheiro! Despesa do Estado? Racionalização da despesa do Estado? Nem uma palavra. Nem uma! 

7. Dir-me-ão: ah, mas Costa quer aumentar impostos apenas para os mais ricos. Pois, pois…para os socialistas os mais ricos são os que ganham mais de 1000 euros! Impressionante: José Sócrates, em 2005, disse exactamente o mesmo que Costa! Incrível como estas “elites” socialistas são verdadeiras almas gémeas!

8. Outro exemplo: a medida mais emblemática de Costa para criar emprego é…diminuir o IVA da restauração! Pequeno azar: até o Tsipras, na Grécia, propõe, no novo programa de medidas para conseguir o 3.º resgate para o seu país, o aumento do IVA para a restauração! Ou seja: a grande medida de António Costa é uma medida que…até na Grécia vai ser abandonada! Impressionante! António Costa não acerta uma!

9. Formulo, por fim, ao desafio ao leitor: reveja o programa de António Costa de quinta-feira na TVI. Conte em quantas respostas, António Costa remeteu para o cenário macroeconómico feito por Mário Centeno e outros economistas. Em mais de metade! Ou seja, para não se comprometer com os portugueses, António Costa remeteu as respostas para um grupo de economistas!

10. Portanto, meu caro leitor, já sabe: se o PS ganhar as legislativas, teremos um Primeiro-Ministro que ninguém conhece e não foi a votos – Mário Centeno! Sim, porque parece que Mário Centeno – o tal líder do grupo de economistas do PS – é que é candidato a Primeiro-Ministro! Costa só sabe responder remetendo para o programa de Mário Centeno! É um espertalhão este António Costa: desta forma, afasta qualquer responsabilização política pessoal. 

11. Uma última nota para dizer que a iniciativa para a realização deste programa de António Costa (Costa’s night live)  e a escolha do formato foi…da máquina do PS! Objectivo: fazer marcação homem a homem com Passos Coelho. Passos ganhou o debate do Estado da Nação no Parlamento – e Costa não poderia deixar que o último debate, antes das férias, fosse ganho pelo Governo, entrando Passos Coelho, em Agosto, por cima do PS. Seria fatal. 

12. A ideia de Costa – alimentada pelas “mentes brilhantes” que o acompanham – era fazer um debate, com perguntas da assistência, com Pedro Passos Coelho, na Faculdade de Direito de Lisboa, com transmissão na SIC. Como não conseguiu, virou-se para a TVI. O desespero político  e a sede de poder pelo poder dão  nisto…

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