Pedro Passos Coelho disse hoje em Lisboa, em resposta a perguntas dos jornalistas, que o que estava previsto era que as negociações ocorressem no final de outubro: "Essas negociações aconteceriam sempre depois das eleições em Portugal".
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, revelou, numa entrevista ao diário belga Le Soir, hoje publicada, que Portugal se opôs a que um alívio da dívida pública grega fosse discutido antes das eleições legislativas.
Numa entrevista focada nas longas negociações com a Grécia, que segundo o presidente do executivo comunitário só terminaram com um acordo devido ao "medo", Juncker, questionado sobre a questão da (in)sustentabilidade da dívida grega, revelou que, pessoalmente, pretendia que uma discussão sobre a questão tivesse ficado desde já agendada para outubro, ideia que mereceu a oposição de Irlanda, Espanha e Portugal.
A elevada dívida pública da Grécia, que representa cerca de 180% do PIB, ou seja, quase o dobro da riqueza produzida, foi uma das questões mais polémicas ao longo das longas negociações entre Atenas e os credores internacionais, dividindo mesmo as instituições, com o Fundo Monetário Internacional a reclamar um alívio ou mesmo perdão parcial da dívida, que classifica da insustentável, algo que é rejeitado por países como a Alemanha.
No compromisso finalmente acordado a 13 de junho, na cimeira da zona euro, sobre um terceiro programa de assistência à Grécia, ficou consagrado que a questão da dívida — que poderá vir a ser aliviada através de um prolongamento dos prazos de pagamento e redução dos juros aplicados — será analisada apenas depois da primeira avaliação ao terceiro programa de assistência, se esta for satisfatória.
Portugal e Espanha têm eleições legislativas este ano, sendo que, no caso português, a data do sufrágio terá de se realizar entre 14 de setembro e 14 de outubro, a qual será hoje anunciada pelo Presidente da República.
Lusa/SOL