Saiu, reocupando o cargo que desempenhou durante vários anos, a direcção do Instituto de Biologia Molecular e Celular do Porto – entidade que ajudou a transformar em centro de referência internacional. Recentemente jubilado da Universidade do Porto, tem agora a oportunidade de intervir.
A motivação de ir para São Bento está ligada ao desconforto que sente em relação à “situação actual em Portugal, na Europa, no mundo”. “E em vez de andar a dizer isso por todo o lado, se calhar posso dizê-lo num sítio em que posso ter um pouco mais de impacto”, refere.
Mas o que tem na manga para apresentar nas sessões do plenário? “Nunca me regi por programas. A área que conheço melhor é a da ciência e educação”, afirma. E acrescenta: “Uma das mensagens que me atraíram para vir para Portugal foi a ideia de que o conhecimento não era um luxo, e que estava na base da cidadania”.
Outros cientistas na política
Os cortes dos últimos quatro anos nas bolsas, nos centros de investigação aplicada e nos laboratórios associados mostram que houve uma reviravolta no país: “Há a ideia de que fizemos demais, temos gente demasiado qualificada, há muitas oportunidades lá fora e, portanto, vão lá para fora. Não tenho nada contra as pessoas saírem, é muito bom que vão à procura de saberem o que querem fazer na vida. Tenho pena é que não haja outras pessoas a virem”.
Quintanilha não revela se foi primeira escolha ou se planeia, de algum modo, fazer parte de um governo de maioria PS. É dos poucos cientistas a integrar uma lista para o Parlamento. Outro, no actual grupo socialista, é o bioquímico Tiago Brandão Rodrigues, investigador em Cambridge, que encabeça a lista por Viana do Castelo. No Parlamento Europeu está Ricardo Serrão Santos, ex-director do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, para fechar o leque de alguns cientistas em cargos de decisão.