Ainda nem é certo que Jardim apareça na Festa embora vontade não lhe falte, agora que está empenhado em divulgar a sua “Tomada da Bastilha”, programa político para as Presidênciais de 2016. Como não é certo que o PSD-Madeira o apoie nessa cruzada.
Em edições anteriores, no Chão da Lagoa, os números da organização apontavam para entre 30 a 35 mil militantes. Estão mobilizados 150 autocarros com partida de todas as partes da ilha. O ferry-boat vindo do Porto Santo também está à disposição dos militantes da ilha dourada.
Ao contrário de anos anteriores, não há artistas vindos de fora, a animação está a cargo de 25 artistas da Região, entre eles a irmã de Cristiano Ronaldo, Kátia Aveiro. A festa está orçada em 100 mil euros, cerca de 50% menos do que os gastos de 2014. A ‘culpa’ é do chamado “jackpot” (verbas da Assembleia Regional para os grupos parlamentares) que, já com o Governo Regional de Miguel Albuquerque, sofreu um corte de 40%.
No próximo domingo só usarão da palavra Pedro Passos Coelho, Miguel Albuquerque e o líder regional da JSD, Rómulo Coelho. Até a tradição do secrtetário-geral do partido intervir foi quebrada. Noutras festas Jaime Ramos usava o palco para mandar farpas a Lisboa. Este ano, o novo secretário-geral do PSD-M, Rui Abreu prescindiu da intervenção.
Ainda em convalescença por ter sido submetido, quarta-feira, a uma intervenção cirúrgica para a extracção de cálculos renais, Miguel Albuquerque vai explicar aos militantes porque é que, na Madeira, o PSD não se coligou com o CDS para as Legislativas Nacionais de 4 de Outubro.
Há também alguma expectativa para ver como reagem os militantes à lista ‘laranja’ apresentada pelo Círculo da Madeira, encabeçada por Sara Madruga da Costa, advogada que começa a dar os primeiros passos na política e logo com a missão de substituir um nome com créditos firmados como é Guilherme Silva.
Uma lista politicamente inexperiente que, embora sufragada pelo conselho regional ‘laranja’, gera alguma apreensão quanto à possibilidade de não ser suficientemente forte para manter os actuais quatro em seis mandatos, em São Bento.
O palco da polémica
A 1.ª festa anual do PSD-M aconteceu a 18 de Maio de 1975, no Chão dos Louros. Depois, até se instalar definitivamente no Chão da Lagoa, a 11 de Julho de 1993, andou em experiências por várias localidades como o Paúl da Serra, Fonte do Bispo, Pico das Pedras e Fanal.
A mudança para a Herdade do Chão da Lagoa, comprada pela Fundação Social Democrata da Madeira para realizar a festas, aconteceu a 25 de Julho de 2010. Agora, com Jardim a presidente da Fundação e Albuquerque a presidente do partido, tem havido alguma separação de águas. A fundação vai cobrar renda ao partido pela utilização do espaço e o novo PSD de Miguel Albuquerque teve ordens para desamparar espaços como o Centro de Congressos, agora arrendado a um empresário chinês.
Chão da Lagoa é sinónimo de polémica. Em edições anteriores, na tradicional ronda pelas 58 ‘barracas’ representativas das fregueisa da Madeira, Alberto João Jardim já chamou mafioso a Guterres, mentiroso a José Sócrates e “submarino” a Paulo Portas. Atacou tudo e todos, zurziu na “classe política de Lisboa”, chamou “efeminadas” às tropas portuguesas (1978), “bandalhos” aos socialistas (1992), prometeu um “pontapé no traseiro” de Guterres (1999) e denunciou os “maricas”, “colaboracionistas” madeirenses, “gente sem calças e de rabo para o ar, virado para Lisboa”.
No Fanal, em 1988, Timor Leste foi pretexto para erguer a bandeira independentista da Madeira, repetida em várias outras ocasiões. Em 1999, Jardim falou dos famosos três lobies que dominam a capital (comunicação social, gays e droga).
No Chão da Lagoa já aconteceu de tudo, desde um zepelin do PND que, em 2009, foi ‘abatido’ não se sabe por quem até uma festa adiada para Setembro (a de 2012) por causa de um grande incêndio na Região. No ano passado houve agressões entre militantes adeptos de pontenciais candidatos à sucessão de Jardim.
No consulado de Jardim, poucos líderes nacionais do PSD se atreveram a aceitar o convite de Jardim para a festa. Entre as excepções contam-se Marques Mendes e Marcelo Rebelo de Sousa. Manuela Ferreira Leite esteve para vir.