O chefe americano de origem francesa Anthony Bourdain, transformado em estrela global com o seu programa de TV No Reservations, começou a destacar-se como um defensor da street food. Portugal entrou em ebulição quando anunciou que tencionava vir cá em 2011. E, apesar de querer coisas tão simples como bifanas e couratos de porco, que imaginava poder comer na rua, andou por aí antes passeando em boas tascas e restaurantezinhos simpáticos. Foi aos fados; ao pioneiro das conservas à mesa de um restaurante, no Sol e Pesca (ao Cais do Sodré); sentaram-no a comer bifanas; para além dos mariscos do Ramiro, ou de coisas mais sofisticadas como o Cantinho do José Avillez, o Alma (quando era ainda de Henrique Sá Pessoa) e o 100 Maneiras, de Ljubomir Stanisic.
Entretanto, a moda da street food (que existe realmente nos EUA, com os hambúrgueres e cachorros, ou pela Ásia fora, com muito mais coisas), a moda começou a espalhar-se pela Europa.
Foi neste ambiente, que a Câmara de Lisboa, em 2014, lançou o seu programa de street food, chamado ‘Lisboa sobre rodas’, pela mão do vereador da Estrutura Verde e Energia, José Sá Fernandes. Pressionando uns tantos ‘empreendedores’ (falou-se em cinco, dos restaurantes A Frigideira do Bairro, Banana Café, Hamburgueria, Hotdog Lovers e Wasabi) a arranjarem umas carrinhas, que parariam rotativamente em zonas tão emblemáticas como o cimo do Parque Eduardo VII, o Cais do Sodré, Saldanha, Amoreiras, Entrecampos, Campo Grande e Monsanto. E esta suposta street food ficou completamente às moscas. Quando a Feira do Livro ocupou o Parque Eduardo VII, um dos jornais de referência, para ajudar os lisboetas que quisessem frequentar o certame, indicou-lhes lugares para poderem comer barato e bem, nas redondezas, sem se sujeitarem ao artificialismo dessa suposta street food. E cá continuamos com a castanha assada se está frio (pena não ter sido mostrada a Bourdain), e a fruta madura se é Verão.