Até ao lavar dos cestos é vindima. Mas enquanto elas não começam, Francisco Bento dos Santos, à frente da quinta da família, Monte d’Oiro, vai passar uns dias no Algarve. Atenção: antes que alguém se apresse a pensar em férias, o engenheiro esclarece «as férias são sempre relativas quando se tem o seu próprio negócio (neste caso negócio de família)». E exemplifica: «Logo na segunda e na terça-feira vou estar no supermercado Apolónia (em Almancil) a apresentar e dar a provar os nossos vinhos. Nos outros dias, o email e o telemóvel também nunca vão estar parados…».
Num mundo ideal, os dias de descanso seriam passados com os filhos: «Praia de manhã, almoço em casa, praia ou baloiços depois da sesta, jantar em família ou – graças às avós que ficam a tomar conta dos netos – fora com amigos e serão ao luar».
Ainda assim, na sua passagem pelo Algarve vai tentar aproveitar para conhecer alguns restaurantes que andam debaixo de olho. Na lista inclui o São Gabriel (Almancil), Veneza (Paderne), Terroir (Carvoeiro), Al Quimia (Albufeira, Hotel Epic Sana), Gusto (Quinta do Lago, Hotel Conrad), Rei das Praias (Ferragudo), Noélia e Jerónimo (Cabanas), Vila Joya (Galé) e Ocean (Pêra, Vila Vita).
De regresso à quinta, Francisco tem também muito com que se entreter. Alguns dos planos passam por fazer crescer o projecto vitivinícola da Quinta do Monte d’Oiro, reforçando a aposta em áreas de negócio complementares, como o enoturismo, bem como continuar com o crescimento da produção – «especialmente agora que acabámos de saber que foi aprovada a nossa candidatura à reserva de direitos de plantação de vinha em mais nove hectares!».
A agenda mostra que os afazeres continuam. Em Outubro tem viagem marcada ao Brasil, onde irá promover os seus vinhos nas cidades de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. «Mas como a vida não é só trabalhar, no final prolongarei a estadia no Rio por mais uns dias para umas mini-férias…».
Pelo meio, continua com as iniciativas no âmbito do projecto Lisbon Family Vineyards, que inclui as Quinta de Chocapalha e Quinta de Sant’Ana. «Os três projectos vínicos têm em comum a abordagem à vinificação e a vontade de se aproximar do consumidor, partilhando a paixão e conhecimento da região».
A ligação destas três famílias, que se conhecem há muito tempo, pretende divulgar não só o que cada quinta tem para oferecer – as suas especificidades, as suas riquezas, a história e a modernidade – mas também mostrar que, ao trabalharem juntas, podem potencializar as características que já têm em comum: «As três produzem vinhos gastronómicos cuja qualidade é constantemente premiada a nível nacional e internacional; são três negócios familiares que produzem vinhos com personalidades próprias que realçam o terroir específico onde todos os seus vinhos são produzidos. Além disso as três quintas podem ser visitadas e os vinhos provados nas respectivas adegas, já que se encontram a menos de uma hora da cidade de Lisboa».
E as vindimas? «Deverão começar lá para meados de Setembro e depois vão até Outubro. Temos 20 hectares e por isso podemo-nos dar ao luxo não só de fazer a vindima manual como vindimar cada casta e, dentro de cada casta, cada parcela, no seu melhor momento de maturação. É um trabalho minucioso e demorado mas é assim que para nós faz sentido trabalhar».
patricia.cintra@sol.pt