Lagoa das Sete Cidades recuperada

A mais emblemática lagoa açoriana, hotspot de biodiversidade, está a recuperar da poluição extrema – ou processo de eutrofização, como lhe chamam os especialistas – a que foi sujeita desde os anos 80 do século passado.

Ao longo de mais de 20 anos, as lagoas Verde e Azul, na Ilha de São Miguel, sofreram este processo de poluição devido à acção humana – ou seja, houve um “enriquecimento da água com nutrientes como compostos de azoto e fósforo, que provocou o crescimento acelerado de algas e formas superiores de plantas aquáticas, perturbando o equilíbrio biológico e a qualidade das águas”, como explica a Secretaria Regional da Agricultura e Ambiente, “devido à ocupação dos solos”.

Os dados das autoridades de Ambiente do arquipélago mostram agora, pela primeira vez, uma evolução positiva nas tentativas de reverter a poluição das águas. E mais na lagoa Azul do que na Verde, como explicou ao SOL o director regional da Agricultura e Ambiente dos Açores, Hernâni Jorge.

A reversão tem sido particularmente notada nos últimos anos, precisa o mesmo responsável. “Sobretudo a partir de 2006, nota-se uma franca melhoria da qualidade da água destas lagoas que comunicam entre si”, diz, acrescentando que a recuperação tem sido mais fácil no maior dos dois leitos: “A lagoa Azul encontra-se num estado de oligotrofia (ecossistema pobre em nutrientes) desde 2009, como comprovam os resultados da rede de monitorização de vigilância do estado qualitativo da água das Lagoas das Sete Cidades”. Já a Verde, com uma massa de água inferior, “apesar de indiciar uma melhoria do seu estado de qualidade entre 2008 e 2010, no ano seguinte retomou o estado de eutrofia”. Apenas em 2014 voltaria a melhorar. Isto porque é “uma lagoa mais difícil de oxigenar” e, em anos de seca como os últimos, sente-se “uma deterioração do seu estado”.

Ponto de encontro de aves

Com uma biodiversidade única, a Lagoa das Sete Cidades é ponto de encontro de espécies de aves que migram da Europa e da Eurásia. Para a recuperar, o Governo dos Açores investiu, no ano passado, mais de 100 mil euros em mais uma bacia de retenção para diminuir a chegada de resíduos sólidos à lagoa Verde, segundo refere o mesmo responsável, salientando que a intervenção “tem contribuído para resultados extremamente positivos”. Isto a somar aos cerca de três milhões de euros já afectados na recuperação daquela que está classificada como uma da Sete Maravilhas Naturais de Portugal.

sonia.balasteiro@sol.pt