A recuperação da coligação tem a ver com dois factores: com os indicadores económicos (crescimento do PIB, isto é, da produção, descida do desemprego, equilíbrio das contas externas, este último menos noticiado mas basilar); por outro lado, o discurso da coligação de “Não deitem tudo a perder com quem nos levou a esta situação, isto é, com o PS”, tem-se mostrado eficaz.
É claro que o PS já foi penalizado pelo desgoverno que quase levou Portugal à bancarrota, perdendo as eleições de 2011. O que deveria estar em causa neste próximo sufrágio devia ser o período 2011 – 2015: o que se passou, e não o que nos levou ao memorando com a troika,
Pode pois dizer-se que o PS está a desapontar muitos dos que acreditaram nele. Deu-se ao trabalho de fazer um programa económico para os quatro anos (até 2019) de governação. Certamente, há aspectos desse programa dos quais podemos discordar. Mas, pelo menos, fizeram o trabalho. A coligação, que nada fez, que não põe números nas suas propostas (enfim, quase nunca), não tem nada para discutir. A sua campanha é baseada no medo, no medo de mais austeridade. Mas não discute propostas concretas.
Avizinha-se também um lindo sarilho se, como a sondagem indica, nenhum bloco tiver maioria absoluta. Isso significará um governo que sabe que terá um horizonte máximo de dois anos, o que o impedirá de tomar medidas impopulares, mas necessárias, cujo impacto é depois diluído no tempo.
Um lindo sarilho, caros leitores.