Brasil: dívida soberana e empresas no ‘lixo’

Economia em recessão, contas públicas a derrapar e instabilidade política e social, aliadas a perspetivas negativas, atiraram a dívida soberana do Brasil para o ‘lixo’ – nível especulativo de maior risco, segundo a agência de notação financeira Standard&Poor’s. Se na quinta-feira a nota negativa era mal recebida do outro lado do Atlântico, na sexta, já…

As primeiras medidas de reequilíbrio das contas públicas devem ser anunciadas ainda hoje, segundo O Globo, e passam por cortes em contratos de serviços de terceiros. Mas a fatia de leão só deverá ser comunicada pelo Planalto no final do mês. As propostas de cortes deverão incidir em programas sociais, funcionários e ministérios.

Ter a dívida soberana no ‘lixo’ pode implicar que, quando Brasília faz novas emissões de dívida do país, os mercados só negoceiem a troco de juros mais altos, numa amarra financeira que limita o país emissor. Por outras palavras: o Brasil tem de pagar cada vez mais para que lhe comprem a dívida nos mercados.

Além da dívida, a S&P reduziu já na sexta o rating de 11 bancos – públicos e privados. Também eles caíram para a categoria ‘lixo’. A maior empresa pública brasileira, a petrolífera Petrobras (envolvida no esquema de corrupção que atingiu altos funcionários e políticos, incluindo do PT no poder), também atingida pela revisão negativa, já pondera um corte de pelo menos 10% nos investimentos previstos para este ano, segundo O Globo.

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