Mais combativo, Costa conseguiu obrigar Passos, em toda a parte inicial do debate, a remeter-se à defensiva, a ser demasiado explicativo na sua tentativa de descolagem da austeridade e da troika.
Já Passos, mesmo na sua apatia, chegou a embaraçar Costa com a insistência de o comparar a Sócrates e a sua proximidade ao irresponsável Syriza.
À partida, o problema de Passos neste debate era a pergunta que muitos portugueses fazem: pode confiar-se num Governo e numa coligação que levaram à prática, nos últimos anos, um tal programa de cortes (de salários, de pensões, de empregos) e de empobrecimento do país para ultrapassar a crise? Serão os mesmos Passos e Portas capazes de fazer melhor a partir de 2016?
O problema de Costa era a dúvida suscitada em muitos eleitores pela sombra inquietante de José Sócrates, omnipresente com a sua degradada imagem. Poderá este PS, que nunca se demarcou verdadeiramente da bancarrota de Sócrates, fazer uma política diferente? Mais confiável e menos ruinosa?
Passos não terá vencido a desconfiança de muitos quanto à sua propensão para a austeridade e a dificuldade que terá para repor os níveis de vida perdidos nestes anos pela maioria dos portugueses.
Costa não venceu certamente a desconfiança de muitos outros quanto à sua propensão para políticas despesistas e para o excesso de promessas dos socialistas.
Não foi com este debate – apesar de ser o mais visto de sempre, com uma audiência acumulada de quase três milhões e meio de portugueses – que se terá desfeito o empate técnico das sondagens.
Mas serviu para António Costa inverter a curva descendente em que, no último mês e meio, tinha caído a sua liderança e a campanha do PS. Já não foi pouco.