Não se trata da resposta à emergência de acolhimento dos cidadãos que estão a chegar à Europa, mas da fase seguinte de integração daqueles que quiserem permanecer no país e concretamente fixarem nesta região, como explicou o provedor Eleutério Alves.
O projeto assenta em fazer um levantamento dos edifícios disponíveis nas aldeias, desde casas do povo, dos antigos cantoneiros, escolas abandonadas e outros, e proceder à sua requalificação para alojar as famílias de refugiados.
O provedor enfatizou que o projeto destina-se não só aos refugiados que forem acolhidos no imediato em Bragança, mas também noutras zonas do país e que, depois da fase da emergência, "em vez de escolherem a saída para a Alemanha, França ou para ao Reino Unido, poderem ficar na região".
Além da resposta humanitária, a iniciativa tem também como propósito "inverter a situação demográfica do concelho de Bragança, fixando aqui famílias que possam elas próprias dinamizar, melhorar, as freguesias rurais".
A Misericórdia é a entidade promotora e tem promessas de parceria da Segurança Social e da Câmara Municipal de Bragança, propondo-se ainda angariar outros parceiros para o desenvolvimento do projeto, nomeadamente, o politécnico de Bragança, associais de desenvolvimento, centros de saúde ou juntas de freguesia.
"Se não há gente de Portugal que queira vir para cá, que possam vir outros, que tragam crianças e que repovoem a nossa região e que se fixem cá. O grande objetivo do projeto é inverter a desertificação das nossas aldeias trazendo para cá gente", sublinhou.
A Misericórdia espera ter o levantamento e plano de ação pronto dentro de 30 dias para candidatar o projeto a fundos comunitários.
A impulsionadora da ideia, Sara Cameira, explicou ainda que o plano contempla também formação educativa, com o ensino do português prioritário, mas também da cultura e hábitos locais, tradições, etc.
Os promotores propõem-se também trabalhar com as comunidades locais, defendendo que "esta aprendizagem intercultural é necessária para que este projeto seja de facto integrador e eficaz".
"Isto não quer dizer que se vai impor um determinado projeto educativo, que sejam obrigados a trabalhar o campo, a empreender projetos nas aldeias. Vamos também ter em atenção o grau de qualificação que eles têm e quais as expectativas", vincou.
No imediato, e logo que as autoridades nacionais o determinem, a Santa Casa da Misericórdia de Bragança tem condições para receber "10 a 12 cidadãos" na fase de acolhimento de emergência.
O projeto foi apresentado na cerimónia inaugural das comemorações do primeiro aniversário da Unidade de Cuidados Continuados, a mais recente resposta social da SCMB que acolhe 40 doentes em reabilitação de diversos pontos do país e com lista de espera.
Lusa/SOL