Rui Machete apela à solidariedade da Europa

O ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete, defendeu hoje, em Paris, que “a Europa precisa de tomar medidas que envolvam os países todos” no que toca ao acolhimento dos refugiados.

Rui Machete reuniu-se, esta tarde, com o homólogo francês, Laurent Fabius, num encontro que teve em cima da mesa a crise migratória, a vizinhança leste da União Europeia, o conflito sírio e o processo de paz no Médio Oriente.

"A Europa precisa de tomar medidas sobre esta matéria, eficazes e essenciais e que envolvam os países todos", disse o ministro à agência Lusa, salientando que não é "atrasando as coisas ou criando muros" que se resolve a crise migratória, numa alusão ao muro criado pela Hungria para travar a entrada de refugiados.

"Estamos num momento crucial para a vida da Europa. É a ocasião oportuna para manifestar solidariedade perante o problema das migrações e demonstrar também que a nossa posição é claramente a favor daqueles que pretendem resolver ou mitigar de uma forma decisiva a questão humanitária das migrações", declarou.

Rui Machete acrescentou que já se começaram a registar "hesitações" e que "há uma alternativa muito pior para este problema que é, em vez de se ter uma solução europeia, se ter uma solução nacional", em referência ao fecho das fronteiras pela Hungria.

Questionado sobre o controlo temporário das fronteiras por parte da Alemanha, o ministro sublinhou que Berlim foi "obrigada momentaneamente a fechar fronteiras" perante "a avalanche e a velocidade" a que estão a chegar os imigrantes, considerando que este país, em primeiro lugar, afirmou uma "declaração de princípios extremamente generosa".

"Nós sentimos que se está a tocar em questões nevrálgicas para a construção europeia, para a progressão da Europa ou para o retrocesso da Europa. A reunião com o ministro Fabius foi para discutirmos estes problemas e verificarmos que estamos, basicamente, de acordo e queremos pertencer aos países em favor de dar soluções europeias para estes problemas", continuou.

Relativamente à decisão de França em avançar com bombardeamentos aéreos na Síria, Machete disse perceber "a intenção dos franceses de aumentar a eficácia da sua intervenção através primeiro de uma fiscalização aérea e depois bombardeamentos".

"Nós estamos alinhados que a luta contra o Daesch [Estado Islâmico] tem que ser também uma campanha militar porque o Daesch procura manter ilicitamente um território que é a maneira de tentar ascender a ser um proto-Estado. A intensificação dos bombardeamentos é importante", disse, ressalvando que se tem de "tentar uma solução política".

O ministro participa ainda hoje na cerimónia comemorativa dos 50 anos da delegação em França da Fundação Calouste Gulbenkian, em Paris.

Lusa/SOL