Não é a primeira vez que Marinho e Pinto tem problemas com a comunicação social. Ficou célebre uma entrevista com Manuela Moura Guedes, em que ela o apresentou como “O Grilo Falante”, e na resposta ele a desfez completamente.
Marinho Pinto, com o seu jeito popular e argumentação popularucha, mas perigosa em alguns pontos, passa bem junto de muita gente. Candidatou-se ao Parlamento Europeu pelo Movimento Partido da Terra e foi eleito, mas já abandonou esse partido, não sem antes denunciar as práticas de nepotismo dentro do MPT (parece que em Portugal, como em muitos outros países do mundo, há um grande grau de hereditariedade na política). Mostrou-se escandalizado com o ordenado dos eurodeputados (14.000 euros por mês, se a memória não me falha), mas recusou-se a devolver ou a doar o dinheiro. E diz que não se pode viver em Lisboa com menos de 4.800 euros por mês. Claro que não, Sr. Dr. Toda a gente sabe isso.
O seu partido, o Partido Democrático Republicano (o que é um nome com alguma piada, porque é o conjugação dos nomes dos dois maiores partidos norte-americanos, e porque foram os nomes do principal partido da I República Portuguesa), até pode eleger deputados. Já Marinho e Pinto, que rompeu com a tradição de os líderes dos partidos serem os cabeças de lista por Lisboa (concorre por Coimbra), não tem hipóteses de ser eleito. Provavelmente, continuará no Parlamento Europeu, a receber o seu salário “escandalosamente elevado”, e a controlar o partido à distância.
Como actualmente não tem poder, Marinho e Pinto tem até uma certa graça, e é inofensivo. Mas, se as eleições lhe derem poder, isto é, se os vencedores precisarem dos votos do PDR para formarem uma maioria, o caso muda de figura. De qualquer forma, duvido que um governo desses dure quatro anos. Marinho e Pinto, com o seu populismo, pode tornar-se um personagem perigoso, mas parece também instável.