Até há poucos anos não se imaginava que essa “verdade” houvesse sido vivida por dezenas de portugueses prisioneiros dos nazis alemães. Nos jornais, o tema motivou artigos dispersos, enquanto começava a ser tratado por investigadores, nomeadamente Avraham Milgram (Portugal, Salazar e os Judeus, Gradiva), Esther Mucznik (Portugueses no Holocausto, Esfera dos Livros) e Cláudia Ninhos e Irene Flunser Pimentel (Salazar, Portugal e o Holocausto, Porto Editora). Contudo, só em 2013 se constituiu um grupo de trabalho de investigação específico, liderado pelo historiador Fernando Rosas, no Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, para o tema ‘Os portugueses no trabalho forçado e nos campos de concentração e de extermínio nazis’ (a FCT não aprovou o financiamento do projeto).
Reportagem extensa de Patrícia Carvalho, publicada em 2014 no Público, sai agora em livro. Resulta de nove meses de investigação “a contrarrelógio”, em França, na Alemanha e na Polónia, sobre o destino de 50 portugueses (emigrados em França e um na Bélgica; alguns primeiro colocados pelas autoridades colaboracionistas em campos de internamento) deportados para campos de concentração nazis. Embora o registo seja pouco vívido, quase só documental (a par de documentos inéditos e relatos de familiares, explora-se bibliografia e dados sobejamente conhecidos sobre os campos), trata-se de mais um capítulo importante numa história ainda com muito por contar.
Portugueses nos Campos de Concentração Nazis
Patrícia Carvalho
20/20 Vogais
264 págs.,
16.99 euros