Muito sinteticamente, as famílias viram o seu rendimento aumentar, mas a subida do consumo foi superior, o que desequilibra as contas. Já o Estado esteve mais poupadinho, e viu o seu défice diminuir.
O excedente com o exterior é pequeno, mas os tempos em que Portugal acumulava, ano após ano, défices com o exterior de 10% do PIB estão afastados. Se o próximo governo, seja ele qual for, faça com que estes excedentes das contas com o exterior se mantenham, iremos, a pouco e pouco, pagando as nossas dívidas, e ir poupando em juros. Agora, não acredito que só a coligação tenha economistas capazes de seguir esse ciclo virtuoso. O PS também tem economistas de grande qualidade, e até escreveu um documento com as previsões económicas até 2019 (fim da próxima legislatura), em que se projecta, para esse ano, em excedente nas contas com o exterior de 7,2% do PIB. Uma previsão a quatro anos é muito falível, mas esse exercício mostra que no largo do Rato percebe-se qual o rumo a seguir.
“Morte aos traidores”
2 – Nas campanhas eleitorais, muitas vezes os argumentos não são bonitos, com cada lado a atemorizar as pessoas com o argumento que uma vitória do adversário conduziria o país ao caos; a coligação usa e abusa deste raciocínio, o PS menos, mas não está totalmente isento de culpas.
Mesmo assim, nenhum deles cultiva o ódio, onde o recordista foi o MRPP, com o seu slogan “Morte aos traidores.” Vieram agora desculpar-se, dizendo que a frase não passava de uma metáfora. Mas não lhe vai servir de muito: têm o seu eleitorado estabilizado, e dali não passam. Desta vez, o ódio não será recompensado.