Mas não é possível contar o dia sem falar na violência com que começou a arruada de Espinho.
Ainda a caravana não tinha chegado à rua principal de Espinho e já um popular dava azo à sua indignação. Começou por arrancar bandeiras da PàF, depois passou à troca de insultos. Enquanto um ou outro lhe ia respondendo, o tom ia subindo. Quando os militantes tentavam ignorar, ele voltava à carga. Quando as câmaras apareciam, ele falava. Chamou «maçon» e «corrupto» a Luís Montenegro, cabeça de lista da coligação por Aveiro, a poucos centímetros da cara do centrista António Carlos Monteiro, que se manteve impassível.
Continuou o rol de insultos à classe política e foi fazendo peito aos militantes que faziam de tudo para o afastar das câmaras: até persegui-lo com uma coluna de som aos berros montada em cima de um carrinho de mão, com o hino da PàF em tom estridente.
O homem não desarmou e rapidamente as coisas aqueceram. Trocaram-se empurrões e puxões de camisas que cresceram para murros, à frente das câmaras.
As coisas só acalmaram quando o secretário-geral do PSD, José Matos Rosa, veio pedir aos militantes que parassem com a violência. O homem, esse, acabou ser afastado da rua para Passos a começar a descer, com Luís Montenegro e João Almeida ao lado.
Estava desfeito o incidente e a arruada fez-se debaixo de explosões de confettis laranjas e azuis, como já tinha acontecido de manhã no centro de Aveiro.
Vídeos para falar aos indecisos
O espetáculo entrou na campanha e a prova disso foi o jantar para cerca de seis mil militantes em Santa Maria da Feira, onde às bandeiras da PàF se juntaram as bandeiras nacionais.
O verde e vermelho serão, nesta reta final, cada vez mais as cores da coligação, que se quer apresentar como «de todos os portugueses» e como a única força capaz de conseguir os consensos de que um resultado eleitoral pouco claro precisará.
A coligação vai também começar a centrar o discurso nos indecisos. Nos próximos dias serão lançados nos tempos de antena na televisão e no Youtube vídeos com mensagens de cidadãos anónimos para convencer os indecisos de que a melhor solução para garantir a governabilidade do país é a PàF.
«A campanha pelo voto consciente é uma convocatória ao nosso compromisso com o país», anuncia a coligação, explicando que vai fazer da campanha um momento para lutar contra a abstenção e do apelo ao voto uma constante no discurso.
Para já, o objetivo é mostrar força. Foi para isso que serviu o jantar no centro de congressos de Santa Maria da Feira, que a organização anunciou estar tão lotado que algumas das pessoas tiveram de ficar fora do recinto principal onde havia lugares sentados, tendo de ficar numa outra sala.
Em Aveiro, um distrito, onde quase todas as câmaras – à exceção da Mealhada e de Castelo de Paiva – são PSD ou CDS, o acolhimento não podia ser melhor.