Passo Coelho tem falado nos últimos dias, mesmo que de forma indireta, no fenómeno que leva alguns dos apoiantes do Governo a não assumir que irão votar em si e em Paulo Portas.
“É verdade que à medida que o tempo passa, as pessoas se desinibem mais”, dizia em Macedo de Cavaleiros, para notar o aumento de apoio nas ruas que garante estar a sentir.
Hoje, em Santa Maria da Feira, voltou ao tema. “Parece que durante muito tempo apoiar esta coligação e este Governo era errado, não era uma coisa que fosse vista como normal”, disse, garantindo sentir “que as pessoas se desinibiram e conseguem ter agora uma consciência mais aguda da importância do que se aproxima”.
“É preciso ter alguma coragem para ir contra a corrente”, afirmou Passos, que acha que essa tendência está a mudar com os resultados favoráveis à PàF nas sondagens, já que serão cada vez mais “aqueles que descobriram que afinal não estavam sozinhos, estavam muito bem acompanhados”.
Na coligação são vários os que alinham nesta teoria, mas Pedro Santana Lopes foi o único até agora a assumi-lo de forma clara publicamente.
"Continuo muito critico dos métodos utilizados nestes estudos. Agora há algo que é detectável hoje em dia: as pessoas calam-se cada vez mais. Dizem que estão indecisos ou que não votam. Cada vez há mais abstenção e quem vota cada vez mais se cala e não diz que vota ou troca o voto. É o chamado voto oculto”, disse Santana Lopes no programa "Fora da Caixa" da Renascença, onde debate semanalmente com António Vitorino.
Santana aponta, aliás, para os exemplos de outros países europeus, onde as sondagens falharam e os partidos que estavam no governo acabaram por vencer, com resultados muito mais folgados do que o que vaticinavam os estudos de opinião.
"Agora na Grécia, por exemplo, não sei se muitos não disseram que não votariam no Syriza como acabaram por fazer. No Reino Unido, foi ao contrário, com muitos a dizerem que não votariam nos conservadores", exemplificou.