Pouco passava das quatro da tarde e o Largo do Toural, em Guimarães, estava polvilhado de socialistas que ansiavam a chegada de António Costa. A subida da Rua da Rainha, no centro histórico, fez-se quase de pés no ar, levados pela multidão. Puxões, encontrões e muitos palavrões, com pessoas a saltarem ao caminho do líder do PS para cumprimentá-lo, apertá-lo ou tirar fotos. Chegou a ser levado em ombros, a meio da subida da rua. “Agora é que vai ser, c***!”, grita uma entusiasmada mulher, “Aperta com eles!”, diz outra.
“Todos a votar. Com bola ou sem bola. A direita fascista da bola será derrotada. Unidos venceremos”. O poster pendurado na porta onde um homem recebe Costa em lágrimas tanto pode falar de futebol como de política. Em dia de clássico do Norte, entre Vitória de Guimarães e Sporting de Braga e numa altura que as sondagens não apontam um vencedor claro para as eleições, Costa só anseia pelo resultado do Braga que até quase aos últimos minutos esteve colado ao Guimarães mas acabou por ganhar.
O fundador do CDS Freitas do Amaral estava a meio do percurso para dar um abraço a Costa e apelar ao voto no PS “pela justiça social”. Uma preocupação que a coligação coloca em “décimo lugar” e o PS “em primeiro”, defendeu o democrata-cristão. Uma prova do que Costa tem vindo a dizer nos últimos dias: que o PS congrega gente com diferentes percursos políticos.
Assis, que defendeu o Bloco Central, desceu a Rua Direita, em Barcelos, ao lado de Costa. Na viragem para a última semana da campanha, o apelo aos indecisos fica mais forte. Até porque, nas palavras de Assis, “o grande volume gravita à volta do PS”. E, segundo o mais recente inquérito diário do Público, o número de indecisos aumentou. “Há três categorias fundamentais: os que estão indecisos entre a coligação e o PS, os que estão indecisos entre os partidos da esquerda e o PS e os que estão indecisos entre não ir votar e o PS”, precisou o eurodeputado.
Por isso, Assis diz que “todos os votos são úteis”. “Os votos em todos os partidos são úteis mas alguns votos podem contribuir mais fortemente para mudar Portugal”, defendeu o socialista. Uma aposta na bipolarização que Costa tinha iniciado num almoço em Braga onde pela primeira vez nos seus apelos ao voto útil falou dos partidos à esquerda, PCP e BE, ainda que sem os mencionar, apelando a que não se disperse o voto “por outras forças políticas à nossa esquerda”.
Assis, que foi apoiante de Seguro durante a disputa com Costa nas primárias de há um ano, diz agora estar “plenamente convencido” que é Costa quem tem “mais condições” para ser primeiro-ministro. “Não se lhe associa uma suspeita, um só caso”, garantiu.
A polémica dos cartazes no PS parecia esquecida, mas Assis desenterrou-a para o remate final do seu discurso: “Podes não perceber muito de cartazes mas vais ser um grande primeiro-ministro”.
Eram 19h00 quando Costa começava a discursar no Largo da Porta Nova, e o sino da Igreja do Mosteiro do Senhor da Cruz toca. “Estamos a uma semana de o sino tocar. Ao dar as badaladas das sete horas estão a encerrar as urnas com a grande vitória do PS no próximo domingo”, aproveitou Costa. “Vitória, vitória!”, ouviu-se.
Nem que seja só no dia 4, dia das eleições. Porque na política, como no futebol, o que conta não são as sondagens, como tem dito Costa, mas os golos marcados, os votos contados.