Acredito que tudo na vida é cíclico; as lideranças mundiais, os costumes, as formas de abordagem, as maneiras de estar, até os gostos e o que está na moda. Já pouco se cria, tudo se transforma. É dessa forma que após décadas, até séculos, cada vez mais somos obcecados com o que produzimos, com as nossas conquistas materiais, em que nos tornámos cada vez mais egoístas e invejosos na procura única e exclusiva do dinheiro, do poder, da fama e do crescimento do ego, da imposição do ‘eu’ em relação ao ‘tu’. Finalmente começamos a perceber, até pelos exemplos dos mais ricos, que não é, de facto, o dinheiro em excesso que trás felicidade. Antes pelo contrário.
O encontro para o qual fui simpaticamente convidado – na passada semana na Madeira – vai ao encontro daquilo que penso cada vez mais ser a nova tendência do futuro próximo. A aproximação das pessoas, a relação entre elas, a criatividade, o multiculturalismo, a quebra de barreiras. O Encontro Internacional de Economia Criativa dos Países de Língua Lusófona só veio acentuar mais aquilo que venho defendendo acerrimamente. É na forma como nos interpretamos e como nos relacionamos, é na partilha de experiências e na construção de momentos perfeitos em conjunto com outros que está o segredo da conquista do bem outrora intangível, mas cada vez mais tangível: a felicidade.
Visionário que a história mais tarde ou mais cedo se encarregará de perpetuar, o Rei do Butão Jigme Singye Wangchuck alertou em 1972 que o mundo devia ser menos capitalista e mais espiritual. Chamem-me sonhador, mas acredito que algo pode ser assente nestes pressupostos, sobretudo no desenvolvimento educacional e na inclusão social, na preservação da saúde, na diminuição do trabalho em prol do lazer e tempos livres comuns, na preservação dos valores culturais e na construção de novos, e na resiliência ecológica como base do desenvolvimento sustentável.
Neste encontro em que se debateu e criou, lançaram-se sementes para o futuro. Todos diferentes, todos iguais, vindos de diversos pontos e com diferentes responsabilidades. Tatiana Ismael, uma das mais conceituadas manequins africanas, de Moçambique; VR, afamado jornalista português; Mónica La Fayette, uma das melhores stylists angolanas; Jô, grande produtora e modelo cabo-verdiana; Sassy, uma das grandes empresárias guineenses, só para enumerar alguns. Para quem diz que «aqui não se aprende nada», para quem «não aguenta com…», a troca de experiências entre pessoas de diferentes mundos, contraponho com o índice de Felicidade Interna Bruta. Afinal de contas quem não quer ser mais e mais e mais feliz?