É certo que há outros fatores, menos conjunturais, que já vinham de trás. Como a melhoria dos indicadores económicos e de confiança, a redução gradual do desemprego, a noção de que o pior da austeridade já tinha passado. Ou a influência negativa da sombra negra de Sócrates, não só pelo descrédito que o seu processo judicial acarreta para a imagem do PS mas, acima de tudo, por ainda estar na memória recente dos portugueses a irresponsabilidade despesista que quase levou o país à bancarrota – e que muitos recearão que se repita com um novo Governo PS.
Mas foram, sobretudo, as sondagens que mudaram de vez o ambiente das campanhas. A mensagem, todos os dias renovada e confirmada (quer na RTP, quer na TVI, quer no CM), de uma vantagem consistente e constante de votantes no centro-direita funcionou como um diário murro no estômago dos incrédulos militantes socialistas.
Quanto ao resto, ver-se-á no domingo se a apagada e mortiça campanha de Jerónimo de Sousa e do PCP (que há um mês tinha 10% das intenções de voto contra apenas 5% do BE) favoreceu muito ou pouco a campanha mobilizadora de Catarina Martins e da ala feminina do Bloco. E qual deles fica à frente.
Para já, só há uma certeza: é que o líder da oposição não será o mesmo. Se perder, Passos Coelho sairá na noite eleitoral. Se se confirmar uma vitória clara da coligação, como apontam as sondagens, já não será António Costa (mas um qualquer Pedro Nuno Santos) a debater com Passos no Parlamento em 2016.