O candidato socialista diz que a possibilidade de fazer pontes à esquerda e à direita dá vantagem a um governo do PS que não tenha maioria absoluta para garantir a estabilidade. Garante que não pondera outro cenário que não seja a vitória e quando a pergunta é se, em caso de derrota, António Costa lhe deve ‘passar a bola’, Pedro Nuno Santos ‘chuta para canto’.
Nasceu e cresceu no distrito. Qual é a ligação que mantém hoje com Aveiro?
Por razões familiares, profissionais, políticas e pessoais, a minha ligação a Aveiro mantém-se intensa. Sou presidente da federação distrital do PS, sou deputado eleito por Aveiro, tenho cá a minha família e todos os fins de semana regresso a São João da Madeira e ao distrito.
Segundo o Censo de 2011, Aveiro estagnou em número de habitantes depois de um crescimento de décadas. O que propõe fazer para que o distrito cresça?
O distrito, para crescer em população, tem de crescer na economia. E aqui a resposta que tem de ser dada é a mesma que é necessária no plano nacional. A austeridade reprimiu o crescimento da economia aveirense e isso teve consequências na população. Por isso, as propostas de apoio ao crescimento económico e à criação de emprego do PS são essenciais para que Aveiro possa continuar a crescer e atrair população.
É preciso compensar o interior do distrito pelo maior investimento feito até agora no litoral?
Claro. Aveiro apesar de ser um distrito do litoral tem concelhos do interior que ficaram para trás no investimento público ao longo dos anos. Logo que haja disponibilidade financeira, as prioridades devem ser a ligação dos concelhos do interior – por exemplo, Castelo de Paiva, Arouca e Sever do Vouga – aos principais eixos rodoviários do país.
O que será para si um bom resultado eleitoral do PS em Aveiro?
Um que permita ao PS no distrito contribuir para a vitória nacional. Queremos ter um melhor resultado que em 2011 [quando foram eleitos cinco deputados socialistas ] e queremos o PS a ganhar as eleições.
Convença um indeciso a votar.
Nestas eleições, vai estar em causa um modelo de sociedade que demorou muitos anos a construir. A coligação de direita, depois de ter privatizado todas as empresas que pôde na primeira legislatura, quer agora privatizar os serviços públicos. Nós, se quisermos salvar o Serviço Nacional de Saúde e a escola pública e a Segurança Social, temos mesmo de derrotar esta direita e votar no PS. Algumas das transformações que a direita quer fazer no país serão muito difíceis de reverter. Se não derrotamos a coligação de direita agora, vamos arrepender-nos muito em breve.
Que maioria prefere? Inequívoca, clara, boa, grande, positiva… e que tal uma maioria absoluta?
[risos] Acho que o país precisa de uma maioria absoluta e de um governo com estabilidade, mas também de uma mudança. Portanto, precisa de um governo do PS com maioria absoluta.
Se o PS ganhar com maioria relativa, está a contar com o partido derrotado para aprovar o Orçamento do Estado para 2016?
Nesse caso, o PS apresentará um Orçamento que tenha condições para ser aprovado no Parlamento. Trabalharemos para isso.
O PSD e o CDS não têm melhores condições do que o PS para governar sem uma maioria absoluta?
Antes pelo contrário. Num cenário em que ninguém tenha maioria absoluta, quem tem melhores possibilidades de garantir estabilidade governativa é o PS, porque tem um maior leque de escolhas. Estando colocado entre a coligação de direita e os partidos à sua esquerda, pode garantir uma maior estabilidade governativa e tem maiores condições de passar as suas propostas. Já a coligação de direita só se poderá virar para o PS.
Se o PS perder as eleições deve ser devolvida a palavra ao partido para saber o que fazer a seguir, nomeadamente na questão da liderança?
Nós não trabalhamos num cenário que não seja o da vitória do PS. Portanto, não anteciparei nada quando o que estamos a trabalhar é para uma vitória.
Se António Costa perder, deve ‘passar a bola’ a Pedro Nuno Santos? Terá uma palavra a dizer numa futura liderança do partido?
Terei uma palavra a dizer como qualquer militante do PS, mas só nessa condição e mais nada. Trabalho no cenário da vitória do António Costa e não trabalho em mais nenhum cenário. A única razão por que me preparo todos os dias é para ajudar António Costa e o PS a ganharem as eleições.
Conhece bem Luís Montenegro, do Parlamento. Qual o principal trunfo que reconhece ao seu adversário e a sua maior dificuldade?
Luís Montenegro é um bom parlamentar que desempenhou de forma muito competente as funções de líder da bancada do PSD. Não tenho qualquer problema em reconhecê-lo. Parece-me que a maior dificuldade dele é o resultado da governação que representa e a candidatura forte do PS no distrito de Aveiro.