António Costa percebe isso, e por isso deu liberdade de voto aos militantes nas presidenciais. Não quer investir numa derrota.
Nas legislativas o caso é diferente, e Costa ainda pode vir a ser o próximo primeiro-ministro de Portugal. Isto se o PS chegar a acordos com o PCP e com o BE, que podem ir para o governo ou apenas apoiá-lo em algumas questões cruciais no parlamento.
A direita parece um pouco desorientada, porque pode abandonar o poder. Acabo de ler as transcrições dos comentários de Luís Marques Mendes na Sic. “Isto pode ser visto como batota política. Quem ganhou as eleições foi Passos Coelho”. Com franqueza: então na esquerda não tem uma maioria parlamentar?
Ou “É a mesma coisa que as selecções da Dinamarca, Albânia e Sérvia virem dizer que Portugal ficou em primeiro lugar no grupo mas não vai ao Europeu de futebol porque elas têm mais pontos juntos.” Argumento muito fraco, o que é pouco habitual em Luís Marques Mendes, e que denota uma certa atrapalhação.
Onde Marques Mendes esteve melhor foi quando afirmou que: “se o PS alinhar nisto (coligação à esquerda) será um suicídio, pois dará de bandeja o governo à coligação meses depois, como o PRD fez em 1985”. Sem dúvida, um bom argumento. PCP e BE são partidos radicais, nunca estiveram no governo, (o PCP já esteve, mas foi há 40 anos) podem não ter a cultura do compromisso, e retirarem o apoio a um governo liderado pelo PS após algum tempo. Ou, então, é possível que tenham juízo, e não provoquem crises políticas. Há que testar.