As sondagens dão uma grande vantagem de Maria de Belém sobre Sampaio da Nóvoa, o que é natural, porque ela foi ministra durante seis anos (primeiro da saúde, com resultados mistos, e depois da igualdade, uma causa nobre mas sem o poder sobre o serviço nacional de saúde; na prática, foi despromovida); já Sampaio da Nóvoa foi reitor da Universidade de Lisboa, um cargo exigente e prestigiante, mas sem projeção pública.
À medida que a campanha presidencial for ganhando gás, e o desconhecimento dos eleitores face a Sampaio da Nóvoa for diminuindo, será interessante ver como se mantém a sua desvantagem face a Maria de Belém: se sobe, se estabiliza, ou se cai.
De qualquer forma, tudo isto pode servir de nada, porque as sondagens continuam a dar uma enorme vantagem a Marcelo Rebelo de Sousa. Pode ser indiferente a esquerda ir unida ou desunida: se Marcelo obtiver 50% dos votos mais um, será eleito.
Costa fala, os mercados acalmam-se
António Costa tem dado entrevistas a órgãos de informação internacionais: ontem foi a agência de informação financeira britânica Reuters e a agência noticiosa France Presse, hoje foi a vez do enormemente influente Financial Times. O objetivo foi tranquilizar os mercados em relação a algumas exigências que os partidos mais pequenos da esquerda com representação parlamentar fizeram durante a campanha eleitoral. A mensagem de Costa: não, Portugal não vai sair do euro, não, Portugal não vai pedir uma reestruturação da dívida, e não, Portugal não vai sair da Nato.
As entrevistas parecem ter resultado. Às 15.45, o PSI – 20, subia 0,20% e as taxas de juro portuguesas a 10 anos desciam para 2,40%. Basicamente, quer o preço das ações como as taxas de juro estavam estáveis.
Como eu li no Financial Times há muitos anos, e a propósito entre a propaganda das campanhas eleitorais e das diferenças quando se chega ao poder, “a sopa não tem de ser comida tão quente como é servida”. Foi usando este provérbio, ou outro parecido, que Costa acalmou os investidores e os governos dos outros países da União Europeia.
Entretanto, Passos Coelho não fará mais reuniões com o PS, e diz mais uma vez que ganhou as eleições (parece-me em negação: um governo seu não passa no parlamento). Já o dirigente socialista que se demitiu há poucos dias, Sérgio Sousa Pinto, diz que não haverá ministros nem do PCP nem do BE, porque estes dois partidos só estão interessados em influenciarem a governação, para depois fazerem cair com o governo quando acharem que lhes convém mais. Apresentou também outra tese interessante: a que a mudança de posição do PCP, que agora negoceia com o PS o programa de governo, só aconteceu porque os comunistas se viram ultrapassados pelo Bloco, e decidiram reagir.
São teses interessantes. Por isso, há que ver: o PCP e o BE terão ministros no governo de António Costa. Como sempre, há que testar.