No último sábado, dia 10, reuniu o Comité Central do partido, que por unanimidade ratificou a suspensão. No comunicado da reunião adianta-se ainda que “os camaradas suspensos” têm até “às 19h00 do próximo dia 20 de outubro” para apresentarem “um relatório político das suas atividades, com a respetiva autocrítica”. Os relatórios serão “entregues à camarada Marta” – que também assina o comunicado.
A justificação de tão drástica medida é a direta responsabilização destes dirigentes pelos maus resultados do MRPP, que não aumentou o número de votos nem conseguiu eleger deputados à Assembleia da República.
As acusações são graves e com um discurso normalmente reservado aos inimigos políticos. Lê-se no mesmo texto escrito por Espártaco a 5 de outubro que a perda eleitoral fica “unicamente a dever-se à incompetência, oportunismo e anticomunismo primário do secretário-geral do Partido e dos quatro membros do comité permanente do comité central, que tudo fizeram para sabotar a aplicação do comunismo, do marxismo-leninismo, dos métodos de trabalho, do programa político e da linha de massas que sempre caracterizaram a vida e luta do Partido”.
Para mais, considera Espártaco neste documento divulgado no site do Luta Popular, nestas eleições estavam reunidas as “melhores condições objectivas de sempre” para aumentar a votação e eleger deputados. Condições que são depois elencadas. A saber: “Uma situação política geral de profundo repúdio pela política de austeridade governativa, cerca de 800 000 (oitocentos mil) euros em dinheiro, provenientes da lei de financiamento dos partidos (12 euros por voto obtido nas eleições legislativas de 2011 e durante quatro anos), e um membro do comité permanente do comité central com um programa de televisão semanal na ETV”.
E acaba com o "Morte aos Traidores!" que tanta tinta fez correr durante a campanha.
No site do partido também se justifica a derrota, mas com argumentos mais expectáveis. “Nunca como nestas eleições o Partido foi alvo de uma tão violenta e sórdida campanha de silenciamento, de discriminação e de soezes provocações por parte de uma imprensa e de escribas pagos por capitalistas e imperialistas estrangeiros, que perceberam perfeitamente qual o alvo a abater”.
Agora, quem são os militantes suspensos? O secretário-geral já está identificado: é Luís Franco, o que foi confirmado à Lusa por um elemento do partido. Não é o advogado Garcia Pereira, ao contrário do que tem sido referido.
E Garcia Pereira será um dos um dos quatro da Comité Permanente. À Lusa, o mesmo elemento não quis identificá-los e no site do PCTP/ MRPP não há qualquer referência aos nomes dos dirigentes, mas o advogado é o membro do partido com participação regular na Económico.TV (ETV), no programa Em Foco . Contactado pelo SOL, Garcia Pereira não respondeu.
* com Margarida Davim
Notícia corrigida, na informação relativa a Garcia Pereira