Trabalhava com um colega árabe, num supermercado num subúrbio de Haifa, norte de Israel, quando foi esfaqueado nas costas na terça-feira. “Senti quatro facadas e ouvi alguém dizer: ‘Mereces isto, mereces isto. Vocês são filhos da mãe, árabes”.
Apesar de Uri ter conseguido virar-se para o agressor, defendendo-se com um carrinho de compras, e de ter gritado “sou judeu, sou judeu!”, o atacante de 36 anos só parou quando um segurança disparou sobre ele, sendo depois detido.
O homem, que não foi identificado para, segundo um tribunal israelita, não ser alvo de retaliações por palestinianos, será sujeito a uma avaliação psicológica para determinar se pode ir a julgamento.
No último mês, cerca de 40 pessoas morreram em episódios de violência entre judeus e palestinianos. Oito israelitas sucumbiram a ataques perpetrados por árabes – e 31 palestinianos foram mortos pelas autoridades israelitas. Na troca de acusações, os árabes criticam as autoridades hebraicas por dispararem sobre alegados atacantes, em vez de os prenderem. Do lado israelita, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu responde que os líderes palestinianos mentem e incitam à violência.
Da cama de hospital em Haifa, Uri Rezken dá a lição a todos: “Não importa se um árabe me esfaqueou ou se um judeu me esfaqueou, um religioso, ortodoxo ou uma pessoa sem religião. Não tenho palavras para descrever este crime de ódio”.
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