Tais barbaridades são pronunciadas, normalmente, por quem preza tanto a liberdade como eu prezaria que a música do meu despertador fosse um single do Mickael Carreira. Roça ali o zero, mas por baixo.
No caso específico do Luaty Beirão, torna-se ainda mais constrangedor quando ouvimos tais coisas. Pelo menos a mim constrange-me, por não saber lidar com ignorância por opção própria, egoísmo agudo e estupidez crónica, tudo ao mesmo tempo reunido nestas pessoas. Como assim, já chega de falar de um caso de censura gravíssimo numa ditadura disfarçada que levou à greve de fome do ativista que o está a matar aos poucos? Como assim, não temos nada a ver com isso? Onde é que estão os “primeiro os nossos” da questão do acolhimento dos refugiados?
O mais irónico de tudo, sobre estas pessoas que estão “fartas desse assunto”, é que esse egoísmo e essa estupidez os toldam de tal maneira que nem se apercebem que só estão a brotar frases ridículas dos dedos para fora porque em 74 muita gente lutou para que isso acontecesse. E explicar-lhes isso? E fazê-los perceber o valor que tem a liberdade de expressão? Presumo que seja mais fácil ensinar um elefante a conduzir (sem ser o Babar, claro).
A verdade é até se fala muito pouco do que se passa em Angola. Mas não dá jeito a alguns grupos de comunicação falar nisso, pode causar incómodo aos acionistas. E não dá jeito ao Governo português tomar uma posição humana (sobre um cidadão também português), podem eles fechar a torneira.
E sabem o que é que dá ainda menos jeito? Estar a morrer por lutar pela liberdade de expressão que devia ser inerente a cada cidadão ao invés de lha retiraram com desculpas “legais” pueris.
Por isto tudo, mesmo que não sintam muito esta causa, que não consigam discernir a gravidade desta situação ou não consigam até valorizar a vossa liberdade de expressão, assinem a petição da Amnistia Internacional ( aqui ) para a libertação do Luaty e restantes ativistas que foram presos simplesmente por terem opinião própria.