“Mesmo não sendo possível a convergência, o que de facto não é fácil, o quadro constitucional em nada impede o PS de formar governo e apresentar o seu programa e entrar funções”, afirmou o secretário-geral do PCP. Jerónimo de Sousa notou por duas vezes que a convergência com o PS “não é fácil tendo em conta a distância a que os programas estão”.
Além disso, voltou a falar num tema sensível para o PS: a renegociação da dívida. Para o secretário-geral dos comunistas, é "indispensável a renegociação da dívida e a resposta a outros constrangimentos externos" por parte de um Governo. Sobre este tema, Catarina Martins disse apenas que o caderno de encargos do BE "não passa em primeira linha pela questão da dívida".
O PCP mostra-se mais cauteloso que o BE e a porta-voz dos bloquistas, Catarina Martins, deixa um aviso: “A solução exige a participação dos três partidos”.
Nem PCP, nem BE se comprometeram com um apoio a um governo para quatro anos e as negociações parecem não ter fim à vista. “No momento o processo está em curso, não posso dizer que me comprometo com um documento que não existe”, disse Catarina Martins. Jerónimo de Sousa alinhou na mesma justificação: “Não saber o que o acordo diz é um exercício difícil”.
Apesar disso, mantêm que as negociações com o PS estão a correr bem e mostram-se disponíveis para chegar a uma solução. Catarina Martins diz que o BE está “empenhado no processo de convergência” mas que é o PS, que teve mais votos, “o único em condições de formar governo”. E diz que “este é o momento para se começarem a concretizar compromissos”, lembrando que o país “tem pressa”. Também Jerónimo de Sousa refere que o PCP está “genuinamente empenhado no diálogo”. E carrega nos adjetivos: “Tem uma disposição franca, sincera, de honestidade”.
A porta-voz do BE traça “três condições fundamentais” do partido para apoiar um governo PS: a recuperação de salários e pensões e a proteção do emprego. “Nunca apoiaremos um governo que ataque pensões, reduza salários ou torne o trabalho em Portugal mais precário ou crie mais desemprego”, garantiu Catarina Martins.
Já Jerónimo de Sousa acrescenta os 600 euros de salário mínimo no início de 2016, a redução da carga fiscal, o acesso à cultura, a Segurança Social como sistema público e universal, além da devolução de pensões e salários “roubados”. E deixa claro: “Não andamos atrás de lugares ou qualquer privilégio”.
PCP e BE estiveram hoje reunidos, na Assembleia da República, para debater as negociações para a formação de um governo de esquerda liderado pelo PS.