Para os partidos parlamentares seguiu uma proposta para reverter o processo de privatização dos transportes, para aumentar o salário mínimo nacional, eliminar a sobretaxa de IRS e alargar os escalões deste imposto, diminuindo a carga dos que têm menores rendimentos. A oposição ao congelamento das pensões e a defesa das funções sociais do Estado também integram o pacote que tem como destinatários preferenciais o PS, o PCP e o BE.
A lista de propostas segue de perto a que os comunistas puseram na mesa a António Costa. Com a diferença que, na CGTP, foi aprovada, esta quarta-feira, por um órgão que inclui as tendências minoritárias da esquerda naquela central sindical – o PS e o BE.
Sobre a possibilidade de Cavaco Silva dar posse a Passos Coelho para liderar o próximo Governo, o secretário-geral da CGTP responde que “o Presidente da República não se pode sobrepor à vontade do povo português”. Arménio Carlos diz ainda ao SOL que o PR deve “respeitar a maioria parlamentar, tanto mais que ele próprio reclamou um quadro de estabilidade”.
Os recados para Cavaco Silva são claros. O PR “não pode ignorar que se está a tentar construir uma maioria no Parlamento. Não pode deixar de ter essa hipótese em consideração”. Caso Cavaco Silva opte por indigitar Passos Coelho, a CGTP irá reagir.
Sindicalistas na rua contra a NATO
A resolução aprovada pelo Conselho Nacional da CCTP, intitulada “É hora de mudar e romper com a política de direita”, centra-se na análise dos resultados eleitorais e indica as políticas para uma maioria de esquerda. Mas também integra um ponto que está fora da mesa de negociações de António Costa com Jerónimo de Sousa e Catarina Martins: a integração de Portugal na NATO.
A CGTP apela à participação dos seus membros numa manifestação, marcada para o próximo dia 24 em Lisboa, contra exercícios militares da NATO. “A manifestação foi decidida por um conjunto de movimentos que pretende protestar contra as manobras militares no território de Portugal e Espanha”, explica Arménio Carlos.
O líder da CGTP dissocia assim a manifestação da agenda das negociações entre os partidos de esquerda. E sublinha também que a Constituição da República determina que Portugal defenda “a necessidade de se abolir os blocos político-militares”.