Há dias, em declarações públicas, disse dar por encerrado o debate com o PS, porque não o levava a nada. Afinal, ainda ontem foi divulgada uma carta sua a António Costa, oferecendo-lhe lugar no seu Governo, e insistindo num acordo, de mistura com palavras desagradáveis que podem realmente desmentir qualquer vontade de entendimento.
Costa lá lhe respondeu que não é com lugares prometidos que o conquistam, e zigue-zagueia menos, agarrado à esquerda (como esteve na CML). Deve ser verdade, porque consta que já decidiu convocar um congresso do PS para Março (Francisco Assis, ex-líder parlamentar de José Sócrates, resolveu voltar a candidatar-se, e deve contar certamente com o apoio de Sousa Pinto, mas não será suficiente para ganhar, apesar de ele agora pretender representar os ‘seguristas’, que tanto increpou no passado). Espera-se ainda uma candidatura vencedora. E que Costa não se apresente, na lógica da sua opinião sobre a vitória ‘poucochinha’ de Seguro nas europeias (bastante maior do que a de Costa agora).
Outra coisa: Mª Luís Albuquerque não dá os números da situação ao PS por incompetência ou por opção? Talvez seja incompetência, e António Costa deva perceber que nem todos têm um Mário Centeno para saberem de economia nesta perspectiva liberal. Passos, por exemplo, não deve fazer ideia de nada, apesar de constar que tem ouvido outros economistas, para se tentar pôr a par.
Vejamos, e vou só lembrar factos, sem ter outra vontade para além de ver Passos e Costa afastados das lideranças dos seus partidos (esperando evidentemente que os substitutos sejam melhores, e não sousas pintos). Na campanha eleitoral, Costa garantiu que o PS não apoiará um orçamento de Passos. Na campanha eleitoral, Passos criticou Costa por esta garantia, e afirmou a disponibilidade para lhe apoiar a ele um orçamento. Depois da campanha eleitoral, Passos disse que afinal não apoiaria um orçamento de Costa. E agora, quase de certeza, muitos dos comentadores que afirmam não poder haver um Executivo de esquerda por não ter sido apresentado ao eleitorado na campanha eleitoral, esquecem que o PS nessa altura se comprometeu de facto a opor-se a um orçamento de Passos (isso é o que há de real nas promessas da campanha).
Talvez a última sondagem da Intercampus para a TVI (não era esta a empresa que previa mais votos para a aliança governamental na campanha?) arrefeça certos ânimos, por ter sido feita por uma empresa insuspeita para PSD-CDS, e já depois de Costa se lançar à procura de uma maioria de esquerda sólida. PàF não conseguirá de qualquer maneira maioria absoluta, embora suba um pouco, e PS não desce (sobe até um bocado menos), nem o BE (também sobe um niquito). Só perdem CDU e os pequenos. A acreditar na sondagem, evidentemente, que pode ser vista em comparação com os resultados eleitorais, ou com as anteriores sondagens da mesma empresa.