Nestes últimos 30 dias, e segundo os dados da agência de informação financeira Bloomberg, as taxas da dívida a 10 anos, que são consideradas a referência pelo mercado, estiveram no seu ponto mais elevado no dia 28 de Setembro: 2,51%. Depois desceram até ao dia das eleições (2,30% a 2 de Outubro), para começarem de seguida a subir, sem dúvida algo afectadas por não se saber quem seria indigitado para formar governo. Atingiram o máximo deste mês dia 15 (2,49%), e depois têm andado aos ziguezagues, se bem que hoje, no dia em que Cavaco disse que mantém a sua opinião sobre comunistas e bloquistas, a taxa tenha descido para 2,37%. Os 15% atingidos em 2012 já vão muito longe.
Resumindo: nos últimos 30 dias, o máximo foi de 2,51% e o mínimo de 2,30%. Tudo isto com eleições e incerteza sobre o que se vai passar depois do próximo governo de Passos ser chumbado no parlamento. Cavaco disse hoje que “não altera uma linha” ao que disse no discurso em que empossou Passos, quando também disse que um governo de esquerda seria “uma alternativa claramente inconsistente”.
Eu posso estar enganado, mas tiro duas conclusões do gráfico com as taxas de juro da dívida: em primeiro lugar, que os mercados teriam preferido um governo de maioria absoluta e, em segundo, que não estão particularmente assustados com a perspectiva de terem um governo PS com o apoio PCP e BE. Vejam: um mínimo e um máximo de 2,30% e de 2,51% é uma variação relativamente pequena, e o nível baixo das taxas de juro mantém-se. Fecharam hoje, repito, a 2,37%. Isto não são taxas de um país que espera uma catástrofe. São taxas de um país que adquiriu normalidade democrática, com um conjunto de partidos de direita a alternar no poder com um conjunto de partidos de esquerda, e em que os temores de Cavaco já não contam para muito.