O ex-Presidente da República salientou que a democracia é um regime político do qual fazem parte o conflito de ideias, de interesses, "um conflito permanente", mas "contido, tolerante, civil, porque não utiliza armas, utiliza os tribunais e o voto".
"Se a democracia é isto, eu olho para a situação e digo que é uma situação democrática normal. De alguma tensão, de alguma perturbação mas isso faz parte", afirmou, em declarações aos jornalistas, à margem de um almoço em que foi homenageado como antigo diretor da RTP.
Ramalho Eanes disse que, por essa razão, vê "com preocupação não a situação em si", mas "as posições dos dirigentes políticos que têm crispado desnecessariamente esta situação".
Questionado sobre se se referia a todos os dirigentes políticos, Ramalho Eanes escusou-se a responder, dizendo que irá pronunciar-se sobre a atualidade política mas só depois de terminar o presente ciclo.
"Só me vou pronunciar quando este ciclo político aberto pelas eleições tenha terminado", disse.
O ex-chefe do Estado reiterou que a democracia é "o regime das instituições, de funcionamento institucional, que utiliza tempos e que essa utilização é importante".
"Não podemos olhar para a democracia como o regime da economia de meios. A democracia são as eleições, são as escolhas das eleições, é o tempo que as instituições demoram para se estabelecer, para receber os novos titulares", sublinhou.
Ramalho Eanes, que há 40 anos presidiu à RTP, foi homenageado por um grupo de antigos e atuais funcionários da RTP, que decorreu no hotel onde funcionou a televisão pública, na av. 5 de Outubro, Lisboa.
O XX Governo constitucional tomou hoje posse no Palácio da Ajuda. Na cerimónia, o Presidente da República afirmou que o executivo de Pedro Passos Coelho tem plena legitimidade constitucional, reiterando que em 40 anos de democracia a responsabilidade de governar sempre coube a quem ganhou as eleições.
Nos próximos dias 9 e 10, apresentará o seu programa de Governo à Assembleia da República. PS, PCP e BE anunciaram a intenção de apresentar moções de rejeição que, a serem aprovadas, implicam a demissão do Governo.
Lusa/SOL